Cai quantidade de lixo eleitoral nas ruas

22/09/2016 11:25

A quase dez dias das eleições municipais, as ruas de Petrópolis mostram um cenário bem diferente das anteriores. Normalmente nessa reta final de campanha é muito comum ver as calçadas tomadas por panfletos, pelos famosos “santinhos” e também por adesivos de propaganda de candidatos. No entanto, dessa vez o que se vê são ruas mais limpas, com menos papéis no chão, e mais no lixo. 

A Tribuna foi às ruas para saber o motivo de tanta “limpeza”. Na Rua do Imperador, num trecho entre a Alencar Lima e o Obelisco, apenas quatro panfletos foram encontrados no chão. Na Dezesseis de Março a situação era parecida, poucos panfletos na calçada. 

A quantidade de lixo era maior no Calçadão do Cenip (Colégio Estadual Dom Pedro II) e também no Bosque do Imperador, pontos conhecidos por panfletagem política. Mesmo assim, a quantidade de papéis e santinhos jogados no chão era muito pequena. 

Para a população um alívio. “É muito feio você ver as ruas todas cheias desses panfletos. Cheia de foto de candidatos. Ainda mais em Petrópolis, que é uma cidade turística, você ver isso acaba poluindo a paisagem. Imagine só um turista vem aqui para curtir a cidade e nas suas fotos que servirão de lembrança aparecem um monte de foto de candidato com placas e santinhos. Seria desagradável”, disse Martha Regina Soares, de 56 anos, advogada. 

Até mesmo os profissionais da limpeza urbana estão mais satisfeitos. “É menos serviço para a gente. Já tem tanto lixo na rua e nós ainda seriamos obrigados a limpar tudo isso. Trabalho na coleta há mais de nove anos e esse período eleitoral é sempre crítico para a gente. O serviço dobra”, declarou ele, que preferiu não ser identificado. 

A maioria dos entrevistados disse que diminuiu também o número de pessoas que trabalham distribuindo papéis nas ruas. “Antes você andava do Cenip até a Paulo Barbosa e as pessoas te enchiam as mãos de papelada política. Dessa vez, estou achando até estranho. Além de quase não ter ninguém, eles dão um santinho por vez e não aquele monte de papel como antigamente”, disse Lorena Hoelz, estudante. 

A redução do lixo eleitoral se deve, principalmente, ao enrijecimento das regras para as campanhas, definido pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RJ) do Rio de Janeiro. Além das regras do TSE (Tribunal Superior), que valem em todo o Brasil, cada região específica tem suas restrições. Entre as modificações está a redução do limite de gastos, a proibição de cabos eleitorais com placas na mão parados em um ponto fixo da rua. A panfletagem está permitida, mas desde que o cabo eleitoral tenha cuidado para não provocar o chamado “derrame” de material, descartando muitos panfletos no chão, ou em algum lugar público.

O vereador Ronaldão, por exemplo, candidato à reeleição pelo Partido da República (PR), segundo informações do gabinete da Câmara, reduziu a distribuição de material numa quantidade significativa nessa eleição, utilizando apenas os santinhos, praguinhas e panfletos pequenos.

Além disso, o enrijecimento aumenta a fiscalização, inclusive do quanto que cada candidato gastou com sua campanha, e isso acaba fazendo com que o candidato utilize a propaganda com mais consciência, escolhendo públicos e pontos estratégicos para a distribuição dos panfletos com apresentação de propostas. 


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