Câmara: cobrança bate na porta
Em meio à grave crise que a Câmara Municipal dos Vereadores de Petrópolis atravessa, com a prisão de seu ex-presidente e de um mandado de prisão de um de seus vereadores, algumas reflexões se fazem necessárias. Primeiramente, gostaria de começar pela constatação do fato de existirem vereadores que passam a totalidade de seu mandato sem produzir um momento qualquer de protagonismo. Associada a esta falta, tampouco se esforçam para ao menos aparentar uma certa relevância.
Alguns dirão, sempre foi assim e isto não é um "privilégio" somente de nossa Casa Amarela, já que temos estes eventos em todas as casas legislativas espalhadas pelo Brasil. É bem verdade, sim, não tenho como refutar isto, são políticos que usam o mandato somente em benefício próprio. Uma grande demonstração da inutilidade de parte da classe política.
Nota-se que falta um certo estofo, um certo preparo, me atreveria a dizer até, uma certa falta de grandeza e com isto sofre a Cidade e sofre o Governo. As obrigações deixam de ser cumpridas para dar um escopo a uma defesa corporativa, que com sua leniência tenta varrer para baixo do tapete o que lhe seria de competência privativa.
Não vejo como poderá escudar-se, apenas tentando ganhar tempo, para não cumprir o que lhe compete. Terá sim, que se pronunciar sobre os mandatos de seus membros com problemas na Justiça. Aguardar a Justiça será demonstração de incompetência e desnudará a fraqueza da instituição em prejuízo somente de si.
Lembro de uma frase atribuída a Leonel Brizola: "Na carroceria do caminhão cabe todo mundo, na boléia só os amigos fiéis". Mas, a hora de abrir a porta do caminhão e pedir para os amigos descerem, chegou. Será doloroso para muitos, mas infelizmente a vida segue e a instituição tem que ser preservada. Aguardar um "habeas corpus" para que os vereadores citados acima retomem seus mandatos será um procedimento desgastante, desnecessário, onde o legislativo municipal terá mais a perder do que a ganhar.
Em momentos difíceis, como o atual, o bom senso sempre é o melhor caminho; nem sempre é o mais fácil, principalmente quando o emocional tem um peso considerável, afinal quem dos vereadores não se sente diretamente tocado pelo infortúnio de colegas, mas a razão deverá vencer o sentimento e é isto que é esperado pela população.
Não há ganhos sem sacrifícios. A Casa deverá se dobrar aos fatos. A exigida boa administração e a transparência cobram um preço e o cobrador está batendo à porta. É hora de alguns vereadores mostrarem se têm ou não protagonismo e relevância.