Caminhoneiros que recolhem móveis e eletrodomésticos são impedidos de entrar no aterro de Pedro do Rio

24/05/2019 19:00

Todos os dias, nos quatro cantos da cidade, dezenas de pessoas decidem se desfazer de móveis e eletrodomésticos que já não lhes servem mais. Muita gente acaba abandonando esses materiais nas ruas, em calçadas ou até nos rios, mas há quem se preocupe em garantir a destinação correta desses itens. O problema é que pagar um caminhoneiro legalizado para levar o material até o aterro de Pedro do Rio não tem sido garantia de que os itens de fato chegarão ao destino. Muitos estão sendo barrados na entrada do aterro e a orientação dos funcionários do espaço é que descartem estes materiais em lixeiras de resíduos urbanos. 

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Oficialmente, a Prefeitura diz que o aterro recebe, sim, móveis e eletrodomésticos, mas, na prática, segundo os caminhoneiros, só os caminhões que prestam serviço para a Comdep conseguem depositar estes materiais no local. Na última semana, um dos caminhoneiros, que pediu para não ser identificado por medo de represálias, contou à reportagem da Tribuna que, ao chegar no aterro com um sofá, foi orientado por um funcionário a descartar o móvel na lixeira mais próxima. “Como trabalhamos corretamente não aceitamos um negócio desse. A destinação certa é no aterro. Os clientes nos contratam para fazermos o descarte correto, ai chegamos lá não podemos descartar”, relatou.

Quem é flagrado fazendo o despejo de restos de obras, mato, móveis e eletrodomésticos sobre ruas e calçadas, inclusive em coletoras de lixo urbano, é intimado a fazer a remoção imediata e recebe multa de R$ 800, de acordo com o Código de Posturas. Mas sem ter o que fazer com os materiais, orientados a cometer a infração, os caminhoneiros correm o risco de serem flagrados e ainda ficam no prejuízo da multa.

Os caminhoneiros relatam que estão restritos a fazer o descarte de três caminhões por dia. A Prefeitura nega, e diz que não há nenhuma restrição. Neste jogo de empurra, a cidade continua sendo prejudicada pelo descarte irregular de resíduos. “Pra falar a verdade quem faz a remoção do entulho do município somos nós caminhoneiros particulares. A maior parte dos caminhões que chegam lá no aterro são nossos, somos noventa caminhoneiros. Os caminhões da Comdep quando chegam no aterro, ainda passam na nossa frente na fila”, desabafou um outro caminhoneiro. 

De acordo com a Prefeitura, apenas para grandes quantidades (como no caso de empresas), é exigida apresentação de licença da Secretaria de Obras emitida para a obra que gerou detritos e, consequentemente, o pedido de descarte. 

O aterro de Pedro do Rio foi autorizado temporariamente pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) para ser o espaço destinado a resíduos de entulho. As autorizações concedida pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente vencem em 20 de julho deste ano. Há cerca de um mês, a Prefeitura informou que estava tomando providências para a solicitação de licença de operação de um novo endereço. Já ontem, novamente questionada, a Prefeitura informou que a renovação da licença já foi normalizada. O que indica que o aterro de Pedro do Rio que foi autorizado para ser utilizado temporariamente pelo MPRJ, continuará sendo o único aterro de resíduos de entulho no município.

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