Campanha “Setembro Amarelo” visa conscientizar sobre a prevenção ao suicídio

O dia 10 de setembro é considerado o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio

09/set 09:54
Por Maria Julia Souza I Foto: Reprodução

Durante o mês de setembro é realizada a campanha “Setembro Amarelo”, dedicado à prevenção ao suicídio. O objetivo é trazer a discussão sobre o tema de forma aberta e direta. Atualmente, essa é a maior campanha anti estigma do mundo e, em 2024, seu lema é “Se precisar, peça ajuda!”.

Segundo a última pesquisa realizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2019, foram registrados mais de 700 mil suicídios em todo o mundo, sem contabilizar os episódios subnotificados, o que pode se estimar mais de 1 milhão de casos. No Brasil, o Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde deste ano mostra que, em 2021, foram registrados mais de 15,5 mil suicídios, representando cerca de 42 mortes por dia, ou uma a cada 34 minutos. Os números colocam o suicídio como a 27ª maior causa de morte no país, sendo a terceira maior entre os jovens.

Os dados mostram que as taxas de suicídio são mais elevadas entre homens, especialmente idosos, e entre adolescentes do sexo feminino com idades entre 15 e 19 anos. Os índices de suicídio são mais altos entre indígenas, pessoas com nível de de escolaridade médio ou superior, e solteiros.

O psicólogo, professor e fundador do Projeto Hapiness, focado em Educação Socioemocional, João Gabriel do Carmo Severino, destaca que, por muito tempo, o suicídio foi tratado como um “tabu”.

“Havia a crença de que falar sobre ele poderia ‘atrair’ a realidade do suicídio ou incentivar pessoas a cometê-los. Hoje sabemos que isso é um mito. Na verdade, o conhecimento pode nos libertar, orientar e ajudar na prevenção. Por isso, desde 2014, o Brasil conta com o Setembro Amarelo, um movimento nacional para informar e conscientizar a população”, destacou o profissional.

O dia 10 de setembro é considerado o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, mas a campanha ocorre o ano inteiro. “Os dados são alarmantes e destacam a necessidade urgente de estratégias de prevenção e políticas públicas que garantam os recursos necessários para enfrentar essa questão”, reforçou o psicólogo.

Principais fatores

João Gabriel explica que o suicídio é um fenômeno complexo, multifatorial. Ou seja, não é resultado de apenas um motivo, mas sim de uma combinação de fatores sociais, culturais, psicológicos e ambientais.

“Ele atinge pessoas de classes sociais e origens diferentes, orientação sexual e identidade de gênero distintas. Apesar de ser um fenômeno complexo, existem alguns fatores que aumentam o risco de suicídio”, disse ele.

Como ajudar

O psicólogo explica o que deve ser feito para ajudar uma pessoa que pensa em tirar a própria vida.

“A primeira coisa que precisamos fazer é acolher e escutar o sofrimento de quem está passando por essa realidade. Não podemos ignorar a dor do outro ou achar que é ‘apenas para aparecer’. A dor precisa ser legitimada. Precisamos estar atentos aos sinais de pequenas mudanças no comportamento para auxiliar essa pessoa e, inclusive, encaminhá-la para um profissional da saúde mental”, explicou.

Ele ressalta ainda que é essencial que fique claro que a pessoa precisa de ajuda profissional, além de todo o suporte de outras pessoas.

“Sempre devemos lembrar que a pessoa não quer, necessariamente, tirar a própria vida. Ela quer acabar com um sofrimento. Até chegar a esse ponto, existe um processo do definhamento existencial. É esse processo de deterioração do sentido da vida que pode levar ao ato suicida. Portanto, muito pode ser feito para auxiliar essa pessoa. E não se esqueça: suicídio é uma emergência médica, ligue para o Samu”, finalizou o profissional.

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