Campos Neto diz que não há relação mecânica entre política fiscal e política monetária

27/maio 14:51
Por Francisco Carlos de Assis e Eduardo Laguna / Estadão

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse nesta segunda-feira, 27, que não há uma relação mecânica entre política fiscal e a política monetária. Mas emendou que é importante pensar na harmonia entre ambas.

“O prêmio de risco é em parte gerado pelo tema fiscal”, afirmou o presidente do BC, ao participar de evento oferecido pelo Grupo de Líderes Empresariais (Lide) em São Paulo.

Mais uma vez, Campos Neto enfatizou que o mercado de trabalho está forte sob qualquer ótica que ele for analisado.

Contudo, de acordo com o banqueiro central, o Brasil tem sido capaz de trabalhar com juros reais menores em diferentes ciclos.

O problema no País, de acordo com ele, é que a taxa neutra de juros tem estado mais alta do que em outros países. “Temos que combater isso”, disse.

Inflação nos EUA

O presidente do Banco Central afirmou ainda que é difícil se ter convicção de que as taxas de inflação e juros nos Estados Unidos voltarão aos patamares registrados antes da pandemia da covid-19.

Ele voltou a afirmar que o custo de rolagem das dívidas nas economias desenvolvidas vai demandar maior liquidez, ou seja, vai reduzir o nível de liquidez no mundo.

Inflação no Brasil

Ao tratar novamente do cenário interno, Campos Neto disse que a inflação está convergindo para a meta e que a preocupação com inflação na autarquia tem sido mais centralizada na evolução dos preços dos serviços.

Ainda de acordo com Campos Neto, a alta da inflação na ponta é um fator temporário. “Entendemos que ao longo do tempo expectativas de inflação devem se estabilizar”, disse o presidente do BC acrescentando que a autarquia está vendo uma correlação de serviço intensivo em trabalho e alta de preço, mas incipiente, porém.

Fazendo correlação da inflação com o desastre climático que se abateu sobre o Rio Grande do Sul, Campos Neto disse que a boa notícia é que a colheita de arroz havia quase terminado no Estado quando a enchente ocorreu.

Desancoragem das expectativas

O presidente do Banco Central disse ainda que as políticas fiscal e monetária têm sofrido questionamentos sobre sua credibilidade. No entender do banqueiro central, a desancoragem das expectativas e este questionamento à política fiscal têm vários motivos.

“O próprio fiscal, a sucessão no BC, meta do IPCA, exterior e a tragédia no Rio Grande do Sul são motivos de desancoragem”, disse, Campos Neto.

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