Candidata muda de posição e se torna a ‘lacradora’ da eleição

02/10/2022 08:40
Por Adriana Ferraz e João Scheller / Estadão

“O seu voto não é por um candidato, o seu voto é contra a corrupção, é contra a ideologia marxista, é contra o desarmamento e é a nossa única chance de salvar o Brasil. É Jair ou já era”, dizia a então candidata Soraya Thronicke a poucos dias da eleição de 2018, com sinal de arminha na mão.

Apresentada ao eleitorado de Mato Grosso do Sul como a “senadora de Bolsonaro”, a advogada foi eleita e seguiu alinhada com o governo federal. Até que veio a pandemia. De aliada a “traíra”, como afirmam os bolsonaristas, Soraya viu-se candidata à Presidência na última hora e, independentemente do vencedor, a porta ficará aberta para o seu partido, o União Brasil, compor o futuro governo.

O União Brasil decidiu lançar Soraya como candidata à Presidência apenas em agosto. O partido é fruto da fusão entre o PSL, legenda que elegeu Bolsonaro em 2018, e o DEM.

Destaque nos debates pelas pegadinhas e frases de efeito em confrontos com Bolsonaro, a quem chegou a chamar de “tchutchuca”, Soraya vai aos poucos colhendo os frutos de se tornar conhecida além de Mato Grosso do Sul ao mesmo tempo que desfruta do conforto de ter mais quatro anos de mandato de senadora.

PROPOSTA ÚNICA

Aos 49 anos, ela embarcou em uma campanha calcada basicamente em uma proposta só: o imposto único, defendido há mais de 30 anos por seu candidato a vice, Marcos Cintra. Afirma que o imposto é “insonegável”.

A candidata diz não ter se arrependido de votar e pedir votos para Bolsonaro em 2018. “Eu acreditei, eu tive esperança. Hoje, tenho decepção”, costuma afirmar. A senadora engrossava também o coro da defesa da Lava Jato e chegou a pedir, em dezembro de 2017, a volta do voto impresso.

Ao trocar Dourados por Brasília, Soraya chegou rapidamente ao posto de vice-líder do governo no Congresso e, apesar de criticar, indicou recursos do orçamento secreto – foram R$ 95,2 milhões nos últimos três anos.

Soraya chega ao fim da campanha chamando mais atenção para sua posição diante dos adversários do que pelas propostas. Virou a lacradora da eleição.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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