Candidatos chegam de máscara para o Enem no Rio; fiscalização é intensa

24/01/2021 14:35
Por Fernanda Nunes / Estadão

O segundo dia de provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), no Rio, está sendo marcado pela fiscalização intensa do uso da máscara pelos candidatos a uma vaga nas universidades públicas. E também um dia comemoração por quem conseguiu se preparar para a prova em casa, fazendo aulas à distância, por conta das exigências de isolamento social neste período de pandemia de covid-19.

“Tive a sorte de conseguir estudar. Mas tenho amigos que nem internet tiveram. Eles vão fazer a prova como eu, mas em que condição?”, questionou Clara Souza, de 18 anos, estudante de colégio público, que presta prova para o curso de Direito.

Essa é a segunda vez que ela faz o Enem. No ano passado, prestou apenas para conhecer como funciona a prova. Desta vez, quando de fato concorre por uma vaga, está enfrentando a tensão de dividir a sala com outros candidatos e de se manter por horas com a máscara no rosto, “o que dificulta pensar”, diz a candidata.

Na porta de entrada do campus da Universidade Federal Fluminense (UFF), onde Clara faz as provas, na cidade de Niterói, região metropolitana do Rio, o superintendente de Operações e Manutenção da UFF, Mário Ronconi, fiscaliza o portão de entrada para evitar que os candidatos passem sem máscara.

No interior da universidade há ainda outros fiscais contratados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), responsável pelo exame.

Segundo Ronconi, o protocolo de segurança foi definido pela UFF e coincide com o do Inep. As salas, onde normalmente cabem 40 pessoas, estão com metade da ocupação. Um dia antes da prova, a UFF ainda realizou um processo de sanitização pelos prédios do campus.

Na porta da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), o estudante Daniel Cunha, 17 anos, conta que no primeiro dia de exame, no último dia 17, usou alguns artifícios para ficar alguns minutos sem máscara. “Eu aproveitava para respirar quando bebia água ou comia algo. Acabei indo muito ao banheiro, o que me fez perder tempo”, contou.

A exigência de que sejam respeitadas as medidas de segurança durante a pandemia não chegou a prejudicar a entrada dos estudantes nos locais de prova. A maioria estava preparada, apesar de muitos manterem o rosto desprotegido até os portões. Como acontece todo ano, foi a falta de documento de identificação e o atraso que deixaram alguns estudantes do lado de fora.

Dez minutos após os portões da Pontifício Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) serem fechados, Graziela Paiva, de 18 anos, deixou o campus chorando, ao lado de outra candidata que, assim como ela, esqueceu a identidade em casa.

Já Naiara da Silva, de 20 anos, não pôde fazer a prova porque chegou às 13h05 na universidade, com 5 minutos de atraso. “Perdi a hora. Fazer o quê? Agora vou entrar numa faculdade particular e esperar para prestar o exame de novo. Pior é que, além de perder a prova, ainda vou ter que pagar mais ao motoboy para voltar para casa”, reclamou ela.

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