Carlos Alberto Werneck, exemplo de mestre

19/set 08:00
Por José Afonso B. de Guedes Vaz

Quem de nós já não ouviu elogiosas referências ao Instituto Carlos Alberto Werneck?

E a resposta só pode ser uma em razão das inúmeras gerações de petropolitanos que frequentaram o Colégio nas décadas compreendidas entre os anos de mil novecentos e cinquenta até os anos oitenta, gozando o privilégio de terem acesso a essa magnífica e tradicional Casa de Ensino.

Aliás, não só petropolitanos frequentaram a instituição como, também, alunos advindos de outros Estados que ingressavam na condição de internos.

Nossa recordação, em primeiro plano, volta-se à Rua Paulo Barbosa, local onde atualmente se encontra sediada uma agência do Banco do Brasil, eis que nos primórdios ali funcionou o então curso primário do educandário dirigido, nada mais, nada menos, pelo ilustrado mestre Carlos Alberto Werneck.

Tudo isso ocorreu no longínquo ano de mil novecentos e cinquenta e quatro e de pronto nos vem de imediato à mente as figuras de d. Gladis e d. Alice, nossas mestras da língua portuguesa, além de outras matérias.

Naquele espaço o colégio ainda funcionou por algum tempo, mas logo fomos alocados para o prédio então erigido situado à Avenida Quinze de Novembro nº 264, atual Rua do Imperador, onde hoje está localizado o Edifício Santo Antônio.

O prédio que abrigava o Colégio tratava-se de uma grandiosa construção composta não somente de salas de aula, mas, também, de outras dependências, inclusive de aprendizagem manuais, o que nos leva a recordar o professor  Naliato, sem falar noutros espaços, tais como áreas de lazer, internas e externas visando a facilidade de recreação dos inúmeros alunos.

Esse período de nossa vida nunca poderia transcorrer em branco ante as boas lembranças que do mesmo guardamos.

Assim é que falar do Instituto Carlos A. Werneck significa, outrossim, relembrar as pessoas dos inspetores de alunos Horácio, Raul, José Maria, Henrique e Leovegildo, os quais muito imprimiram, com o devido rigor, a disciplina e bem assim os ensinamentos objetivando as boas maneiras de agir.

Adentrando, na secretaria, a recepção era feita pela figura austera, porém bondosa, de d. Laura de Araújo Romão, a qual só nos deixou boas recordações.   Era responsável pela entrega dos boletins mensais e de final de ano. Tremíamos com as notas marcadas em vermelho e com as palavras severas proferidas por d. Laura.

Juntamente com ela nos lembramos, também, de Dª Zenil, figura simpática, atuante, e grande colaboradora do Colégio.

Na secretaria atuavam, ainda, outras duas senhoras ambas irmãs de D. Ângela Mascheroni Werneck, esposa do Professor e Diretor Geral do Colégio.

Ah! os mestres: José Alberto Weneck, Roberto Francisco, os irmãos Carlos e Alberto Rebolo, a Professora Olíria Benevenuti, os Professores Larry da Rocha Azevedo, Onésio Mariano Henrichs e o sempre lembrado Professor João Francisco Stumpf, sem que nos esqueçamos  do mestre Ernani Pinto Ferreira.

Sempre muito influentes, os mestres Waldir Lippi e Germano Neurauter, este último, pelos alunos carinhosamente chamado de “mister”. No que diz respeito ao canto orfeônico nos vem à memória do professor Paulo Borges da Silva, ser humano maravilhoso e, sobretudo, dotado de excepcional cultura.

Todos esses mestres nos acompanharam durante o período do então curso ginasial e podemos afirmar que o mesmo transcorreu num piscar de olhos até que ingressamos no curso científico.

Fomos premiados, outrossim, com aulas ministradas pelos professores, João Lauro Murta, Arthur Cruz Filho e Aloísio Tavares, além de outros cuja memória não nos recordarmos, infelizmente.

Drº Carlos Alberto Werneck não foi apenas um mestre, foi muito mais, um excepcional conselheiro e amigo de seus alunos. Figura respeitada por todos em razão da sua educação e cultura, conhecedor profundo do nosso vernáculo, sem dúvida o grande responsável pelo sucesso profissional de um imenso número de alunos que colheram seus preciosos ensinamentos.

O povo petropolitano, reconhecendo o valor deste cidadão ímpar, conduziu-o à Câmara Federal (1965/67), onde representou o antigo Estado do Rio de Janeiro com dignidade e honradez em razão de posicionamentos e bem assim de projetos debatidos naquela Casa, especialmente relacionados com as áreas de educação e cultura.

A Academia Petropolitana de Letras, por sua vez, o fez eleger membro da importante Arcádia tendo ocupado a cadeira nº 20, patronímica de Vicente de Carvalho.

Nascido no Rio de Janeiro em 23 de Abril de 1912, veio a falecer em 27 de agosto de 1975.

Os petropolitanos, através do sem número de alunos que frequentaram os bancos escolares do I.C.A.W, muito devem ao mestre Carlos Alberto Werneck,  que nunca poderá ser esquecido, ao contrário, deve ser lembrado com todo apreço, respeito, consideração e, sobretudo, com muita saudade.

Petrópolis continua a sentir falta desse excepcional professor e brasileiro ímpar!           

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