Casa de câmbio em Petrópolis é alvo da Polícia Federal em investigação de esquema de corrupção na Petrobras

19/06/2020 10:17

A casa de câmbio BKR Câmbio e Turismo, que funciona na Rua Marechal Deodoro, no Centro de Petrópolis, foi um dos alvos da 71ª fase da Operação Lava Jato, que recebeu o nome de Operação Sem Limites II e foi deflagrada na manhã desta quinta-feira (18) pela Polícia Federal (PF). Os agentes cumpriram na sede da empresa mandados de busca e apreensão para recolhimento de computadores, livros contábeis, celulares e mídias, além de dinheiro e arquivos eletrônicos. As ordens judiciais foram expedidas pela 13ª Vara Federal da Justiça Federal em Curitiba (PR).

Na cidade, os agentes da PF também cumpriram mandados de busca e apreensão em endereços ligados aos empresários Japir Aristides Kronemberg Filho e Flavio Henrique Castrioto Botelho, ambos da casa de câmbio. Os endereços eram na Rua Dr. Nelson de Sá Earp, também no Centro e em um apartamento no Retiro. Também foi cumprido mandado em um imóvel em Ipanema, na cidade do Rio de Janeiro.

A Polícia Federal ainda conseguiu a quebra do sigilo telemático dos dois empresários, ou seja, os investigadores terão acesso aos e-mails, sites e redes sociais utilizados pelos envolvidos. Além disso, a justiça determinou o bloqueio de bens de Japir e Flávio, no valor de R$ 7 milhões.  A Tribuna tentou contato com os empresários pelos telefones da casa de câmbio, mas não conseguiu retorno até o fechamento desta matéria.

A ação desta quinta-feira foi um desdobramento da operação Sem Limites, realizada em dezembro de 2018 pela Polícia Federal. Na época, foram cumpridos mandados de busca e apreensão e de prisão na casa do empresário Paulo César Pereira Berkowitz, na Rua Dr. Nelson de Sá Earp, no Centro de Petrópolis.

De acordo com as investigações, após análise do material apreendido na residência de Paulo, identificaram-se indícios de que ele se valia dos serviços da empresa de Japir e Flávio para lavagem de dinheiro obtido por seu filho, Rodrigo Garcia Berkowitz . As suspeitas de ligação dos empresários petropolitanos com Paulo César levaram o Ministério Público Federal (MPF) a pedir na justiça as medidas de busca e apreensão, quebra de sigilo telemático e bloqueio de bens de Japir e Flávio.

Além dos empresários petropolitanos, a Polícia Federal também cumpriu outros mandados de busca e apreensão nos endereços de Sérgio Pereira Farias (em Cabo Frio e Tijuca, no Rio de Janeiro), Marina Romualdo Gonçalves Farias (Barra da Tijuca), Carlos Murilo Goulart Barbosa Lima (na Gávea), Antenor Goular Barbosa Lima (Barra da Tijuca e São Conrado) e na sede da Consultoria Empresarial Heckler LTDA (na Cinelândia). Foram apreendidos pelos agentes mídias, pendrives, computadores, celulares e dinheiro (R$ 84,1 mil; € 9,6 mil e US$ 11,6).

De acordo com o Ministério Público Federal, a operação teve como objetivo apurar o envolvimento de operador financeiro ligado ao ex-Ministro de Minas e Energia Edson Lobão em esquemas de corrupção na área comercial da Petrobras, especialmente no comércio externo de asfalto e de produtos escuros (como fuel oil, bunker e determinados tipos de refinery feedstocks).

Os alvos da operação seriam os responsáveis pela internalização de ao menos US$ 1,9 milhão em recursos ilícitos no Brasil por meio de operações financeiras ocorridas entre outubro de 2011 e agosto de 2016, sendo dois deles utilizados pelo citado operador financeiro e outros dois utilizados por um ex-trader de produtos escuros da Petrobras, à época lotado no escritório de Houston, no Texas, o qual hoje colabora com as investigações.

As investigações identificaram vários doleiros que atuavam até 2018 no mercado paralelo de câmbio e auxiliavam na remessa de valores de propina que eram pagos pelos intermediários no exterior para agentes públicos corruptos no Brasil. A PF conseguiu identificar titulares de contas no exterior em nome de empresas offshores, e por meio delas, profissionais do mercado paralelo de câmbio realizavam transferências bancárias internacionais para a realização de “dólar-cabo”.

A suspeita é de que parte dos valores de propina era usado como pagamento de intermediários políticos para a manutenção de certos empregados públicos em funções gerenciais estratégicas da Petrobras, como a de Gerência Executiva de Marketing e Comercialização, onde se realizavam as operações de trading.

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