Casa de Santos Dumont comemora 100 anos neste domingo
Há 100 anos, Santos Dumont abria as portas da sua residência de verão na cidade. Construída em 1918, o chalé que recebeu o nome de “A Encantada”, é realmente um charme e encanta os visitantes e turistas que vem a cidade conhecer um pouco mais sobre a história do pai da aviação. Neste domingo (19), dia em que é celebrado o centenário de um dos pontos turísticos mais famosos da cidade imperial, são recordadas algumas curiosidades que fizeram Santos Dumont um grande admirador de Petrópolis e amigo da família imperial.
Alberto Santos Dumont passou a maior parte da vida voando, em especial sobre os telhados de Paris. Além de ser conhecido por dirigir os balões, no início do século XX, acabou ganhando fama por ser a primeira pessoa a voar com um aparelho mais pesado do que o ar e que levantou voo por seus próprios meios. Nascido no estado de Minas Gerais, em Palmyra (cidade que agora leva o sobrenome do aviador), foi criado no interior do Rio de Janeiro e de São Paulo, mas sempre alçando voo para outros lugares.
E em uma dessas muitas viagens acabou conhecendo Petrópolis. Um recanto longe da agitação e do calor do Rio de Janeiro. Ficou diversas vezes hospedado no Palace Hotel, que ficava próximo a Praça da Liberdade. Local próximo inclusive da Rua 1° de Março onde frequentava o Tennis Club, para praticar seu esporte preferido.
A cidade Imperial foi querida de muitas maneiras pelo aviador, seja pelo clima agradável da serra, porque reunia as comodidades da capital e também pelo sossego do contato com a natureza. Muito amigo da princesa Isabel, chegou a ser presenteado por ela, quando vivia em Paris, trabalhando em seus experimentos. Nesta época, Santos Dumont passava muito tempo no campo, a Princesa sabia disso e sempre lhe mandava fárneis (bolsas ou sacolas em que eram colocados suprimentos para viagens) para que ele não precisasse vir a cidade para fazer as refeições.
Em uma dessas encomendas, a princesa Isabel envia ao amigo uma medalha de São Bento, como uma proteção contra acidentes. “Sr. Santos Dumont, envio-lhe uma medalha de São Bento, que protege contra acidentes. Aceite-a e use-a na corrente de seu relógio, na sua carteira ou no seu pescoço. Ofereço-a pensando em sua boa mãe, e pedindo a Deus que o socorra sempre e ajude a trabalhar para a glória de nossa Pátria. Isabel, Condessa d’Eu”.
Muito supersticioso, alguns historiadores afirmam que ele começou a usá-la presa ao braço como uma pulseira, e daí a origem de uma de suas invenções grande sucesso: o relógio de pulso. Em uma outra ocasião a princesa lhe escreveu: “Suas evoluções aéreas fazem-me recordar nossos grandes pássaros do Brasil. Oxalá possa o Sr. tirar de seu propulsor o partido que aqueles tiram de suas próprias asas, e triunfar para a glória de nossa querida Pátria”. Conta-se que Santos Dumont carregou a medalha consigo até o fim da vida, como lembrança da amizade e apoio da princesa.
A Encantada guarda lembranças dos verões que Santos Dumont passou em Petrópolis
Santos Dumont vislumbrou sua casa de veraneio observando da janela do hotel onde se hospedava o terreno íngreme, onde se espalhava um bambuzal à beira da rua. Da imaginação, o desejo acabou virando ideia fixa. Depois de ter uma proposta recusada, a insistência do inventor venceu e ele conseguiu comprar o terreno. De uma só vez, a “Encantada” foi erguida em poucos meses. O pedido de habite-se está registrado no dia 19 de agosto, tendo sido vistoriada e liberada pela prefeitura, ocupando o número 22 da rua.
Construído com a ajuda do engenheiro Eduardo Pederneiras, tem conservada as paredes brancas, janelas verdes e o telhado grená, como na construção original. O lugar tranquilo, usado por Santos Dumont, por exemplo, para observar as estrelas e para escrever o seu livro “O que eu vi e o que nós veremos”, hoje é um dos pontos mais movimentados da cidade.
Quem chega na residência, já encontra o primeiro item um tanto inusitado, elaborado pelo inventor: as escadas têm os degraus pela metade, e se alternam de forma que as pessoas comessem a subi-la sempre com o pé direito. Alguns dizem que o motivo seria para evitar que as pessoas batam com a canela ao subir nas escadas, mas a versão mais famosa mesmo é a forte ligação do aviador com suas superstições.
Outro item famoso na casa é o chuveiro. No banheiro, Santos Dumont instalou um sistema de aquecimento a gás e o pendurou no teto com um balde com furos no fundo, e do outro lado um outro balde com fundo falso e uma divisória. Assim, a água entrava quente de um lado e do outro a fria temperava a água para um agradável banho.
A última reforma no local foi em 1992, depois de dez meses de intervenções. As últimas obras foram feitas em 2012. Nesta semana a prefeitura anunciou que o ponto passará por uma reforma. Será feira a pintura geral interna e externa, reparos de reboco e manutenção dos pisos de madeira, o projeto também prevê a troca das telhas de alumínio e de vidros das janelas. Além da pintura geral interna e externa, dos reparos de reboco e da manutenção dos pisos de madeira, o projeto também prevê a troca das telhas de alumínio e de vidros das janelas. Já no Centro Cultural 14 Bis serão feitas adaptações do espaço, com a implementação de paredes para melhorar a acústica e o isolamento do som nas transmissões de vídeos para os visitantes, além da troca do piso interno, das telhas de alumínio e de uma revisão elétrica, reboco e pintura.
O Museu Casa de Santos Dumont é o segundo ponto turístico mais visitado da cidade. Segundo dados do Turispetro, neste primeiro semestre, mais de 60 mil pessoas passaram pelo lugar. Em 2017, foram mais de 170 mil visitantes.