Caso Marielle: Irmãos Brazão negam envolvimento em depoimento ao Conselho de Ética

16/jul 21:18
Por Levy Teles / Estadão

O deputado federal Chiquinho Brazão (sem partido-RJ), preso preventivamente sob a acusação de ter planejado o assassinato da ex-vereadora do Rio Marielle Franco, reafirmou sua inocência no caso e novamente disse ter tido boa relação com Marielle na Câmara Municipal do Rio.

“Eu, como parlamentar, sou inocente, e evidente que sei que existe o processo, é normal, mas continuo afirmando que sou inocente”, afirmou. “A relação com Marielle, por incrível que pareça, é maravilhosa.”

Chiquinho também afirmou que Ronnie Lessa, que confessou ser o autor dos disparos que mataram a então vereadora, quis “obter benefícios” na delação feita. “Acreditamos que ele está protegendo alguém”, disse.

Chiquinho testemunhou no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados nesta terça-feira, 16. O colegiado julga a sua cassação do mandato parlamentar dele.

Domingo Brazão, conselheiro afastado do Tribunal de Contas do Estado (TCE) do Rio de Janeiro, também depôs nesta terça-feira, 16. Ele negou conhecer Marielle e o ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro Rivaldo Barbosa, suspeito de ajudar a montar o plano para matar Marielle e de usar o cargo para obstruir as investigações sobre a morte da vereadora.

“Um absurdo o que aconteceu com a vereadora. Infelizmente no Rio de Janeiro já aconteceu com vários outros parlamentares. Eu pessoalmente não conheci a vereadora, mas é claro que é um absurdo esse crime”, afirmou.

Domingos também discursou em defesa de Chiquinho, seu irmão, e chegou a chorar durante o depoimento. “Meu irmão é pai e avô, ele nunca teve problema com ninguém. É uma vergonha o que aconteceu, infelizmente”, disse. “Nós somos inocentes. Não temos nada com isso, Não participamos de forma alguma. Minha família está sofrendo.”

Os irmãos estão em duas diferentes prisões federais. Domingos em Campo Grande, e Chiquinho em Porto Velho.

Essa foi a última parte do processo contra Chiquinho na Conselho de Ética antes da apresentação do relatório feito pela deputada Jack Rocha (PT-ES).

O presidente do colegiado, Leur Lomanto Júnior (União-BA), prevê que o relatório deverá ser apreciado pelos integrantes na retomada do recesso parlamentar, no começo do mês de agosto.

Caso o Conselho de Ética vote pela cassação, o deputado ainda poderá recorrer à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, que deve votar o recurso em até cinco dias úteis.

A decisão final do colegiado passa por votação final no plenário da Câmara. A cassação exige o mínimo de 257 votos – isto é, maioria absoluta – dos deputados.

Como mostrou a Coluna do Estadão, o caso de Chiquinho Brazão no Conselho de Ética deve ser encerrado apenas em setembro. Isso significa que ele continua como deputado federal até lá, o que pode somar mais de R$ 400 mil em salários para ele e os 25 funcionários do gabinete no período.

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