Caso Porsche no Tatuapé: motorista vai prestar depoimento na sexta-feira, 2

01/ago 10:26
Por Fabio Grellet / Estadão

Na última segunda-feira, 29, um empresário de 27 anos que dirigia uma Porsche pela Avenida Interlagos, na zona sul de São Paulo, atingiu e matou um motociclista de 21 anos. Quase quatro meses antes, outro acidente também envolveu um empresário pilotando um carro da mesma marca. Na madrugada de 31 de março, Domingo de Páscoa, Fernando Sastre de Andrade Filho, de 24 anos, dirigia uma Porsche azul modelo 911 Carrera GTS, ano 2023, de seu pai pela avenida Salim Farah Maluf, no Tatuapé (zona leste), quando atingiu a traseira do Renault Sandero que era dirigido pelo motorista de aplicativo Ornaldo da Silva Viana, de 52 anos.

Em entrevista ao Fantástico, da TV Globo, em maio, Fernando Sastre disse ainda que não tinha noção da velocidade que trafegava na rua e pediu desculpas à família de Ornaldo da Silva Viana, morto no acidente. Simulação da Polícia Civil indica que o Porsche estava a 134,6 km/h. A velocidade máxima permitida nesse trecho da avenida é de 50 km/h.

Fernando Sastre conseguiu sair do local do acidente sem fazer exame de alcoolemia – a mãe dele pediu autorização a uma policial militar para levá-lo ao hospital; foi autorizada, mas não levou o filho a nenhuma unidade de saúde. O motorista só se apresentou à Polícia Civil 38 horas após o acidente e, ao prestar depoimento, negou que houvesse consumido bebida alcoólica.

Em 3 de maio ele teve a prisão decretada, mas só se entregou três dias depois. Inicialmente detido no Centro de Detenção Provisória 2 de Guarulhos, desde 11 de maio ele está preso preventivamente na Penitenciária 2 de Tremembé, no interior paulista, onde também estão detidos famosos como o ex-jogador Robinho.

A Polícia Civil concluiu inquérito em que acusou o motorista de homicídio doloso (intencional) qualificado e lesão corporal gravíssima. Um amigo de Fernando Sastre, que estava com ele no carro, sofreu ferimentos graves e chegou a ficar internado na UTI, mas está recuperado.

O motorista foi denunciado pelo Ministério Público de São Paulo (MP-SP) e o processo tramita na 1ª Vara do Júri, no Fórum da Barra Funda, em São Paulo, sob o comando do juiz Roberto Zanichelli Cintra. A primeira audiência relativa ao caso ocorreu na tarde de 28 de junho, quando 17 testemunhas prestaram depoimento – 10 de acusação e 7 de defesa.

Os depoimentos mais importantes foram das três pessoas que estiveram com o réu nos momentos que antecederam o acidente: a namorada dele, Giovana Pinheiro Silva, de 23 anos, o amigo Marcus Vinicius Machado Rocha, de 22 anos, que estava no carro no momento do acidente, e Juliana de Toledo Simões, de 22 anos, namorada de Rocha. Os dois casais (Fernando Sastre e Giovana e Rocha e Juliana) haviam passado a noite de sábado juntos em dois locais – primeiro um restaurante e depois uma casa de pôquer.

Na audiência, Giovana afirmou que o namorado havia consumido apenas água naquela noite. Rocha disse não saber quanto o amigo havia bebido nem poder julgar se estava embriagado no momento do acidente. Juliana, por sua vez, afirmou que Andrade Filho ingeriu bebida alcoólica naquela noite.

Fernando Sastre assistiu aos depoimentos por videoconferência, a partir da penitenciária de Tremembé. Na próxima sexta-feira, 2, será a vez dele prestar depoimento, na segunda audiência de instrução e julgamento, a partir das 16h, segundo o Tribunal de Justiça de São Paulo.

A fase atual é de produção de provas, e ainda não há certeza de que o réu será mesmo submetido a julgamento pelo Tribunal do Júri – isso depende de o juiz, ao final dessa etapa, considerar que existem provas suficientes para levá-lo a julgamento.

A reportagem procurou dois dos advogados de defesa de Fernando Sastre Andrade Filho – Elizeu Soares de Camargo Neto e Jonas Marzagão -, na terça-feira, 30, e na quarta-feira, 31, mas não conseguiu contato com eles.

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