Caso Porsche: PMs erraram ao não fazer teste do bafômetro em motorista, diz sindicância

23/abr 17:13
Por Ítalo Lo Re / Estadão

Os policiais militares erraram ao não fazer o teste do bafômetro no empresário Fernando Sastre de Andrade Filho, de 24 anos, após o acidente que causou a morte de um motorista de aplicativo na madrugada do dia 31 de março e devem ser responsabilizados por conta disso. Essa foi a conclusão de um sindicância aberta pela Polícia Militar para apurar a conduta dos agentes no caso.

O carro de luxo conduzido por Andrade Filho colidiu com a traseira de um Renault Sandero e causou a morte de Ornaldo da Silva Viana, de 52 anos. O acidente ocorreu na Avenida Salim Farah Maluf, no Tatuapé, na zona leste de São Paulo. Segundo laudo produzido pela Polícia Técnico-Científica, o Porsche estava a 156 km/h pouco antes do acidente.

Conforme testemunhas ouvidas pela Polícia Civil, que investiga o caso, o empresário estava “alterado” antes do acidente. Quando a colisão ocorreu, ele havia acabado de sair de uma festa “open bar” (com bebida liberada). Ainda assim, os agentes que atenderam a ocorrência não realizaram o chamado teste de alcoolemia, que detecta a presença de álcool no sangue.

“Diante disso, foi aberto um procedimento para a responsabilização dos policiais. Os laudos da perícia e as imagens das câmeras corporais também foram entregues à Polícia Civil”, disse a Secretaria de Segurança Pública. A pasta afirmou que a Polícia Militar concluiu que houve falha de procedimento dos policiais que atenderam a ocorrência a partir da análise das imagens de câmeras corporais.

A reportagem questionou quantos agentes serão responsabilizados, mas a secretaria afirmou que o caso está sob segredo de Justiça e detalhes serão preservados. “Nos próximos dias será realizada uma reconstituição 3D para auxiliar no trabalho de investigação, que está na fase final”, acrescentou.

O caso é investigado pelo 30º Distrito Policial (Tatuapé) da Polícia Civil. O Ministério Público de São Paulo (MP-SP), que acompanha a ocorrência, afirmou que perícia de velocidade média produzida pela Polícia Técnico-Científica aponta que o veículo estava a mais de 150 km/h “instantes antes do acidente”. O limite de velocidade para a avenida é de 50 km/h.

Apesar de o acidente ter sido registrado na madrugada do domingo de Páscoa, Andrade Filho se apresentou no 30º DP quase 40 horas depois da ocorrência, no dia 1° de abril – mesmo dia em que Viana foi enterrado em Guarulhos, na Grande São Paulo. Na ocasião, a defesa de Andrade Filho negou que o cliente tenha fugido e alegou que ele se “resguardou de linchamento”.

O empresário foi indiciado pelos crimes de homicídio, lesão corporal – por conta dos ferimentos causados no amigo – e fuga do local do crime (não prestou socorro e não fez bafômetro). A Justiça de São Paulo negou os dois pedidos de prisão abertos pela Polícia Civil e pelo Ministério Público contra o empresário, que responde em liberdade.

Um dos pontos que embasaram o último pedido de prisão feito pela Polícia Civil, no último dia 6, é que Andrade Filho aparentava estar “alterado” na madrugada do acidente, segundo oitivas realizadas na investigação. “Testemunhas dizem que ele apresentava voz pastosa, andar cambaleante”, disse na época o delegado Carlos Henrique Ruiz, da 5ª Delegacia Seccional (Leste).

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