Caxambu, um dos locais mais atingidos pela tragédia, ainda sofre com resquícios do temporal e falta de intervenções

Nessa segunda-feira (13), o Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado de Infraestrutura e Cidades (SEIC), informou que irá destinar mais R$ 147 milhões para obras de contenção que serão licitadas ainda neste semestre

14/02/2023 17:06
Por Helen Salgado

Prestes a completar um ano da tragédia, os moradores do Caxambu ainda sofrem com intervenções que não foram feitas e medidas preventivas que não foram tomadas. No bairro, 15 pessoas perderam suas vidas. Na Rua Flávio Cavalcante foram três vítimas fatais; na Rua Bartolomeu Sodré, nove; e na Barão de Águas Claras, três pessoas morreram.

Foto: Rogério Wayand

Edna Queiroga é Presidente da Associação de Moradores e Amigos do Quarteirão Suíço – Caxambu Debaixo. Para ela, que presencia o medo e a preocupação dos moradores com a falta de intervenções, toda a situação é preocupante. 

Ela conta que os moradores ainda aguardam as devolutivas dos governos municipal, estadual e federal, relacionadas às obras de contenção, as demolições e as questões dos moradores em situações de risco.

“Foi feito somente um muro de gabião entre a Rua Flávio Cavalcanti e Belinha Cavalcanti.”, comenta.

Foto: Helen Salgado

Edna ainda lembra que as obras do Caxambu foram assumidas pelo Estado. No entanto, os moradores não viram nada, efetivo, acontecendo no bairro. 

“Tanto que, entre os 15 pontos definidos pelo Estado, um deles é o ponto da Rua Bartolomeu Sodré, onde houve o maior número de óbitos em nosso bairro.”, diz. 

Na Rua Bartolomeu Sodré há 14 blocos de rocha instáveis. O local é conhecido como pedreira. Segundo a moradora, quando chove, vira uma verdadeira cachoeira.

Foto: Helen Salgado

Na Ação Civil Pública expedida pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), a promotora de Justiça, Zilda Januzzi, ressalta os lugares com risco remanescente no bairro Caxambu: Rua João Caetano, Rua Waldemar Ferreira da Silva e Servidão 523, também conhecida como Morro do Pinto, Servidão Inácio Ferreira da Silva, Vila Manoel Ferreira da Silva, Rua Barão de Águas Claras, Lusitano, Bartolomeu Sodré 1 e 2, Servidão Maria Pinto Serrão, Rua Belinha Cavalcanti, Caminho do Cobiçado, Rua Artur Barbosa, Rua Francisco Peixoto da Costa – Morro dos Anjos, Rua Joaquim Ribeiro da Mota – Caminho da Floresta e Rua Elísio Alves. 

Foto: Divulgação

Para Rogério Wayand, morador da Vila Augusto Ferreira da Silva, a situação ainda é deplorável. 

“Vamos nós para um ano da tragédia e a encosta que desceu. Nada foi feito. A licitação já foi adiada por diversas vezes, desta vez agora sem previsão.”, desabafa. 

O morador conta que, depois de tanto insistir, a Prefeitura fez a galeria de água pluvial. A obra está quase terminando e só ficará pendente o calçamento da rua. 

Foto: Helen Salgado

No entanto, Rogério cita a Vila Bancária, também conhecida como Travessa Manoel Ferreira da Silva, que ainda com muitas marcas da tragédia. O morador relata que o mato está tomando conta das casas atingidas. 

Rogério diz ainda que há moradores na servidão sem iluminação pública e água. Além disso, segundo ele, a Rua Bartolomeu Sodré necessita de reparos. 

“Temos calçadas destruídas na Bartolomeu Sodré, próximo ao número 240, que nada foi feito. Na mesma rua, próximo à encosta, há postes sem iluminação pública até hoje, no ponto da encosta à noite é escuridão total.”, relata. 

O morador diz que com a chuva forte dessa segunda-feira (13), o terreno do vizinho, onde uma casa caiu, se tornou uma cachoeira. O problema se deu porque a galeria na rua principal, a Bartolomeu Sodré, não dá conta e, por isso, a água desce pelos terrenos. 

Procurada, a A Secretaria de Obras informou que está realizando as intervenções na Vila Augusto Ferreira da Silva. A previsão é que os trabalhos sejam concluídos em breve. Assim que essa parte das intervenções estiver concluída, terá início outra etapa das obras com a capacitação das águas pluviais e o calçamento da via.

Nessa segunda-feira (13), o Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado de Infraestrutura e Cidades (SEIC), informou que irá destinar mais R$ 147 milhões para obras de contenção que serão licitadas ainda neste semestre, contemplando as ruas Rua Bartolomeu Sodré, no Caxambu, a Estrada do Paraíso, em Sargento Boening, a Travessa Vasconcelos, a Chácara Flora, a Rua Uruguai e as ruas 1º de Maio e Rua Paulista. 

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