Cientistas que estudam receptores para temperatura e tato levam Nobel de Medicina

04/10/2021 11:01
Por Redação / Estadão

O Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina de 2021 foi concedido conjuntamente a David Julius e Ardem Patapoutian “por suas descobertas de receptores para temperatura e tato”, anunciou Thomas Perlmann, secretário do Comitê Nobel, na manhã desta segunda-feira (4). Os vencedores descobriram como os impulsos nervosos são iniciados para que a temperatura e a pressão possam ser percebidas.

“Em nossas vidas diárias, nós levamos essas sensações (de temperatura e toque) de forma natural, mas como os impulsos nervosos são iniciados para que a temperatura e a pressão possam ser percebidas?”, escreveu o comitê no anúncio. “Esta questão foi resolvida pelos ganhadores do Prêmio Nobel deste ano”, concluiu o texto.

Ardem Patapoutian nasceu em 1967 em Beirute, Líbano. Em sua juventude, mudou-se de uma Beirute devastada pela guerra para Los Angeles, nos Estados Unidos. Em 1996, concluiu o doutorado no Instituto de Tecnologia da Califórnia, em Pasadena. O pós-doutorado foi obtido na Universidade da Califórnia, em São Francisco. Desde 2000, ele é um cientista na Scripps Research, La Jolla, Califórnia, onde agora é professor. Patapoutian é também pesquisador do Howard Hughes Medical Institute desde 2014.

David Julius nasceu em 1955 em Nova York, Estados Unidos. Ele concluiu o doutorado em 1984 na Universidade da Califórnia, Berkeley, e fez pós-doutorado na Universidade de Columbia, em Nova York. Julius foi recrutado para a Universidade da Califórnia, em São Francisco, em 1989, onde agora é professor.

David Julius utilizou a capsaicina, um composto da pimenta malagueta que induz uma sensação de queimação, para identificar um sensor nas terminações nervosas da pele que responde ao calor. Já Ardem Patapoutian usou células sensíveis à pressão para descobrir uma nova classe de sensores que respondem a estímulos mecânicos na pele e órgãos internos.

“Isso realmente revela um dos segredos da natureza”, disse Perlmann. “É uma descoberta muito importante e profunda porque é crucial para a nossa sobrevivência”, afirmou.

Vacina contra covid

Havia uma expectativa para que o prêmio deste ano fosse concedido a pesquisadores envolvidos no desenvolvimento da vacina de mRNA contra a covid-19, tecnologia considerada revolucionária. Eles ainda podem ser laureados com o Prêmio Nobel de Química. Outros temas que estavam nas previsões dos especialistas eram adesão celular, epigenética, resistência a antibióticos e novos tratamentos em reumatologia.

Esta é a 112º edição do Prêmio Nobel de Medicina, que já teve 224 cientistas laureados. Apenas 12 mulheres estão entre os vencedores. O prêmio do ano passado foi para três cientistas que descobriram o devastador vírus da hepatite C. O achado levou à cura da doença mortal e ao desenvolvimento de testes para evitar que o flagelo se espalhe pelos bancos de sangue.

O prestigioso prêmio vem com uma medalha de ouro e 10 milhões de coroas suecas (equivalente a mais de R$ 6,1 milhões). O prêmio em dinheiro vem de uma herança deixada pelo criador do prêmio, o inventor sueco Alfred Nobel, que morreu em 1895.

Pelo segundo ano consecutivo, os vencedores do Nobel não comparecerão à cerimônia de premiação em Estocolmo, no dia 10 de dezembro, devido à pandemia, algo nunca visto em tempos de paz desde 1924. Como no ano passado, os prêmios serão entregues nos países de residência dos vencedores, embora a esperança ainda não tenha sido totalmente perdida para o Prêmio da Paz, entregue em Oslo.

O prêmio de fisiologia ou medicina é o primeiro a ser concedido este ano. Veja a agenda:

  • Terça-feira, 5: Prêmio Nobel de Física.
  • Quarta-feira, 6: Prêmio Nobel de Química.
  • Quinta-feira, 7: Prêmio Nobel de Literatura.
  • Sexta-feira, 8: Prêmio Nobel da Paz.
  • Segunda-feira, 11: Prêmio Nobel de Economia.

Com agências internacionais.

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