Cirurgia inédita para implante de prótese auditiva é realizada em Petrópolis

A prótese moderna OSIA permite que os pacientes ouçam música e nadem enquanto a utilizam

19/12/2023 14:15
Por Manoelle Rocha

No último sábado (16) foi realizada em Petrópolis, a primeira cirurgia da prótese auditiva implantável, chamada OSIA. O procedimento, inédito na região serrana, ocorreu no Hospital Unimed, em um paciente de 39 anos, do sexo masculino, que há mais de 12 anos convivia com a surdez profunda unilateral.

Lançada no Brasil em 2021, a prótese osteoancorada – que permite ouvir por meio da condução óssea do som até a cóclea – e transcutânea – ou seja, que não necessita de pino atravessando a pele para fixação – é considerada moderna e proporciona aos pacientes um ganho de até 100% na recuperação da audição.  

A prótese auditiva OSIA é indicada nos casos de reabilitação auditiva de pacientes com surdez profunda unilateral, em casos de má formação de ouvido, otite crônica unilateral ou bilateral e em pacientes que não conseguem usar ou se adaptar à prótese auditiva convencional.

Para cirurgia é necessário que o paciente seja submetido à anestesia geral. O procedimento dura, em média, uma hora e meia e a alta hospitalar ocorre no mesmo dia. Após 30 dias do implante, ocorre à ativação do aparelho, que é feita digitalmente.

O médico petropolitano, Denis Rangel, formado pela Universidade Federal Fluminense (UFF), com especialização em otorrinolaringologia pela Universidade de São Paulo (USP-SP) e também especializado em cirurgias otológicas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), foi quem conduziu os trabalhos.

Ele explica que antes da indicação cirúrgica, os pacientes passam por um teste, que vai avaliar se o procedimento é adequado ou não. Ele esclarece ainda que o som pode ser conduzido de três maneiras: via aérea, pela água e via óssea – que é a forma utilizada pelo OSIA.

Denis conta que o paciente operado no último sábado, já durante o teste, havia se emocionado ao conseguir escutar, depois de 12 anos, pelo ouvido do lado direito, que passou pelo implante.

O médico destaca que uma capa protetora pode ser colocada no aparelho, permitindo que os pacientes possam nadar e ouvir embaixo d’água enquanto o utilizam, e que todos os ajustes do dispositivo são feitos pelo médico, mas que os usuários podem baixar um aplicativo no celular e ter acesso a alguns controles do implante, como volume, por exemplo, e até mesmo ouvir músicas através da prótese.

Funcionamento da prótese

O Osia possui um processador externo que contém um microfone, que capta as informações auditivas do ambiente e um implante que fica posicionado abaixo da pele.

Prótese OSIA
Foto: Arquivo pessoal

O implante sob a pele possui um pino de titânio, que se ancora ao osso que abriga o ouvido no crânio. O som é captado de forma digital e é transferido do processador externo para o implante interno.

O processador é conectado à pele através de um imã. O implante interno, através de um transdutor piezoelétrico, converte os sinais auditivos em vibrações, que ao serem conectadas ao osso que abriga o ouvido, são transmitidas a cóclea – o órgão da audição.

Dá cóclea, o som é passado ao nervo auditivo e posteriormente ao cérebro, onde as informações auditivas são processadas.

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