Claro se une a streamings em tentativa de guinada no mercado de TV por assinatura

22/ago 13:26
Por Circe Bonatelli / Estadão

A Claro está buscando consolidar um novo modelo de negócios para o segmento de TV por assinatura. O objetivo aí é estancar a perda de clientes e até mesmo voltar a crescer nesse mercado, que parecia fadado ao declínio.

A Claro anunciou nesta quinta-feira, 22, a inclusão da Apple TV+ no pacote que já reunia em uma só plataforma Globoplay, Netflix e Max. Agora, o super combo oferece um total de quatro serviços de streaming de vídeo, mais os 120 canais de televisão abertos e fechados.

A oferta pode ser contratada pelo aplicativo de vídeo da operadora (chamado Claro TV+) ou na caixinha que funciona via internet sem fio (Claro Box).

A oferta será comercializada por R$ 119,90 se vendida solo, ou R$ 109,90 se combinada com algum plano de banda larga ou internet móvel. Há um apelo de preço aí. Caso o consumidor contratasse os streamings separadamente, pagaria R$ 127 por tudo, sem levar os canais.

“O mercado de TV vem se transformando nos últimos anos. Já não falamos mais em ‘TV por assinatura’, mas sim em distribuição de conteúdo de vídeo. Por isso, estamos nos posicionando como um ‘hub’ de conteúdos. Se o cliente quiser ver os canais lineares, nós temos. Se ele quiser ver os streamings, temos também”, disse Ricardo Falcão, diretor da Claro TV+, em entrevista. “Para isso, a nossa estratégia é focada em firmar parcerias.”

Essa guinada começou há cerca de um ano, com a inclusão da Globoplay no pacote. Nos meses seguintes foram agregados Netflix, Max e agora Apple TV+. Até o fim do ano, ao menos mais uma parceria deve ser fechada, estimou Falcão. “Buscaremos ter todos os conteúdos relevantes”, afirmou.

Neste novo modelo de negócios, a Claro não dá só o acesso aos aplicativos dos parceiros, mas reúne todo o conteúdo em uma só plataforma. Ou seja, permite navegar pelo catálogo de canais, séries e filmes sem ter que pular de aplicativo em aplicativo. Essa plataforma vem sendo desenvolvida pela operadora há quase três anos e conta também com algoritmo que recomenda conteúdo de acordo com as últimas visualizações do assinante, tal qual acontece na Netflix e companhia.

Outros streamings, como Prime, Disney, Paramount e Star+, por exemplo, também podem ser contratados “a la carte” pelos assinantes da Claro, mas com conteúdo pago separadamente, e sem o acesso integrado à plataforma universal. Eles são os próximos potenciais parceiros do super combo, segundo Falcão.

Voltar a crescer

A Claro é a maior empresa da TV por assinatura no País, com 5 milhões de assinantes, o equivalente a 48% do mercado. Nos últimos 12 meses, houve perda de 700 mil clientes, um recuo de 12%, conforme dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).

Por sua vez, as operações da Claro TV+ e do Claro Box estão se movimentando no caminho inverso. Elas beiram 1 milhão de assinantes (20% da base total da companhia), dobrando de tamanho desde que as parcerias com streamings começaram a ser firmadas do ano passado para cá.

Segundo Falcão, este redesenho tem sido fundamental para contrabalancear a perda de clientes da TV tradicional e já começa a apontar para uma retomada do crescimento do negócio como um todo, ressalta Falcão. “Acreditamos que a partir de 2025 voltaremos a crescer a base total”, estima.

Esta guinada representa não só ganho de receita, como também de um saldo positivo no final das contas. O principal custo é com o repasse de verbas para os fornecedores de conteúdo. Outro dispêndio relevante está na aquisição de equipamentos (as caixinhas da Claro Box são instaladas pelos próprios consumidores, sem necessidade de visita de um técnico). Deduzidas essas despesas, a operação fica no azul até aí. Por sua vez, a maior parte do investimento na criação da plataforma única já foi feito e tende a se diluir à medida que o negócio ganha escala.

O diretor da tele diz que esta estratégia é positiva também para as empresas de streaming, com possibilidade de ganho de assinantes e redução dos desligamentos (churn, no jargão). Neste setor, é bem comum os clientes migrarem de um serviço para outro de acordo com o interesse na série da moda, diz Falcão. Na média, os consumidores assinam só dois streamings.

“Esse é um bom caminho não só para TV paga, mas para streamings. O saldo para nós é positivo, com crescimento de receita e rentabilidade. O mercado vinha em decadência, perdendo receita. E era uma perda pulverizada, porque os clientes aderiam a vários streamings, com alternância”, observa. “Estamos unindo forças em uma relação de ‘ganha-ganha'”.

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