Com ousadia e novas linguagens, ‘Irmão do Jorel’ celebra episódio 100
Um adolescente bonitão vive com seus pais, seus irmãos e suas duas avós numa casa em um bairro de classe média e divide com eles as aventuras do dia a dia. Ele é famoso na escola, no bairro e até na TV. Poderia ser mais um personagem de tantas histórias de garotos populares, mas esta série não é sobre ele, mas sim seu irmão mais novo, que ninguém sabe o nome real, conhecido apenas como o Irmão do Jorel.
A série com esse nome celebra quatro temporadas em uma parceria com o Cartoon Network e, quando lançada, era inédita para as animações brasileiras. “Desde o início, o Irmão do Jorel não estava escondido na programação, sempre esteve no topo”, celebra Zé Brandão, diretor criativo do Copa Studio, um dos responsáveis pela animação. Também nesta temporada será exibido o centésimo episódio do desenho animado.
Nesse tempo, a animação evoluiu, como conta Zé. “O traço tem uma mudança, a gente mudou de ferramentas ao longo do tempo, mas também tem uma mudança de narrativa”, diz. Segundo ele, nas primeiras temporadas, o desenho tinha episódios que se encerravam em si mesmos e, a partir da segunda, os animadores começaram a criar pequenos arcos nas histórias. “Começamos a colocar um pouco mais as manguinhas de fora. Agora, na quarta, é possível assistir aos episódios independentes, mas estamos construindo um ‘jorelverso'”, brinca.
MAIS MADURO
A quarta temporada chega no auge da série, como salienta Marina Filipe, gerente de produções originais da Warner Media Latin America para kids&family, responsável pelo desenvolvimento e produção do conteúdo original brasileiro. Irmão do Jorel está cada vez mais ousado, explorando linguagens e formas de fazer animação para crianças, sem esquecer do público jovem e adulto, que tem sido cativado pela série desde seu lançamento, em 2014. “O público-alvo são crianças de 8 a 11 anos, mas tentamos escrever histórias com camadas, então ficamos felizes em saber que pais e filhos assistem juntos”, diz Zé.
A forma como estúdio e canal estão à vontade com a produção é claramente percebida em alguns episódios, como no centésimo em que o Irmão do Jorel e sua amiga Lara vão para a Edzone, um lugar criado pelo pai do garotinho onde nada está escrito e eles podem criar o que quiserem. Os animadores brincaram com a linguagem e com o traço dos personagens, com uma dose extra do surrealismo sempre presente na animação. Outros episódios também atestam isso, como em Gesonel Detetive do Tempo, no qual os personagens precisam salvar Seu Edson de desaparecer, uma inspiração vinda do filme De Volta Para o Futuro, e fazem uma viagem no tempo. Ou mesmo no episódio In English Please, quando o Irmão do Jorel precisa fazer aulas de reforço de inglês para conseguir assistir ao novo filme do herói Steve Magal.
RETORNO ESPECIAL
Também nesta temporada, que está inteiramente disponível no HBO Max e vem sendo reprisada no Cartoon Network toda quarta, às 19h45, há uma nova participação do rapper Emicida. O cantor e compositor volta a viver Kassius Kleyton, personagem que despontou na segunda temporada enfrentando Vovó Juju em uma batalha de rimas. No episódio A Revanche de Kleyton, ele volta a dividir o palco com MC Juju.
“Esta segunda participação foi assim: a gente já estava no processo de escrever os roteiros da quarta e um dia eu vi, de bobeira no Twitter, que alguém tinha tuitado algo sobre Vovó Juju e o Emicida respondeu que queria a revanche”, conta Zé. Depois disso, não tiveram escolha a não ser criar um episódio em que os dois se reencontram e disputam para ver quem leva a melhor rimando.
PARCERIA
Irmão do Jorel foi a primeira produção original do canal no Brasil e na América Latina. Conta histórias de um menino de 8 anos que vive com sua excêntrica família à sombra de Jorel, seu irmão do meio, e que com a ajuda de sua melhor amiga, Lara, enfrenta os primeiros obstáculos da vida. Além do Brasil, a produção é exibida na Argentina, Colômbia, no Chile, México, Peru, na Venezuela, Costa Rica, Guatemala e Panamá.
“A gente tem no Cartoon Network a proposta de valorizar criadores e produtores, contando muito com o know-how deles. A relação é de muita parceria”, conta Marina.
O motivo de tanto sucesso? Zé explica: “Todo mundo se identifica com a pessoa que tenta se destacar numa família ou num ciclo de amizades e que às vezes está à sombra de alguém, e eu acho que as histórias do Irmão do Jorel são muito humanas. Para mim, o segredo é empatia e humor”.
Marina complementa a fórmula. “Todo bom conteúdo começa com bons personagens, bem desenvolvidos e isso eles têm. É um trabalho em equipe em que talentos vão sendo acrescentados e forma uma combinação perfeita”, elogia.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.