Com pandemia, HBO Max valoriza produção de não ficção

19/05/2022 08:00
Por Matheus Mans / Estadão

Após lançar no começo deste ano o reality show Queen Stars, a HBO Max prepara três novos lançamentos de não ficção ainda para este primeiro semestre. O primeiro, que estreia em 26 de maio, é a série documental PCC: Poder Secreto, que narra os bastidores da maior organização criminosa do País.

“O grande diferencial dessa série é que, pela primeira vez, a gente entende a história do PCC desde dentro. A perspectiva é de pessoas, criminosos que fizeram parte da organização em algum momento e de famílias que tiveram suas vidas atravessadas pela facção”, explica Verônica Villa, líder de projetos de não ficção.

Em junho, enquanto isso, tem início mais um reality show de sobrevivência, aos moldes de No Limite. The Bridge Brasil acompanha um grupo de 12 pessoas, entre famosos e anônimos, que precisam construir uma ponte no meio da Mata Atlântica apenas com recursos existentes no local. Ao chegar ao outro lado da ponte, em uma plataforma de concreto, os participantes vão encontrar um baú com R$ 500 mil. E é aí que começa a tensão: haverá uma votação para decidir quem leva o dinheiro. Fica só para a pessoa ou será dividido entre o grupo?

Por fim, em julho, começa um dos projetos mais esperados do streaming: Pacto Brutal: O Assassinato de Daniella Perez, para falar sobre a morte da atriz em 1992. “Tivemos uma licença especial da Globo e parceria com a própria Glória Perez (mãe de Daniella)”, conta Verônica ao Estadão. “Glória queria encontrar um lugar que fizesse um fechamento de ciclo nessa história toda. É a primeira vez que se vê a atriz em uma entrega total. É visceral. Nesses 30 anos, afinal, ela se tornou uma investigadora particular, indo atrás de provas. Ela acumulou um arsenal de vídeos, documentos e gravações. Tudo isso vem para a série.”

MERCADO. Essa movimentação da HBO Max não ocorre sem motivo. Durante a pandemia, a concorrência do serviço de streaming vivenciou um sucesso inesperado das produções. A Netflix, por exemplo, conseguiu fazer muito barulho nas redes sociais – e emplacar números interessantes – com produções de “true crime” como Cenas de um Homicídio: Uma Família Vizinha ou Cena do Crime: Mistério e Morte no Hotel Cecil. Com o mundo dos realities shows não foi diferente, com The Circle ou Casamento às Cegas.

Villa entende que as produções de não ficção são de máxima importância dentro da estratégia da HBO Max. “Acho que o consumo do audiovisual já vinha acelerando exponencialmente desde o advento do streaming. Mas a pandemia teve um papel fundamental, principalmente para não ficção”, diz. “Era uma época em que todo mundo parou, mas (esse tipo de conteúdo) é mais barato, é menos oneroso, dá para juntar uma equipe concisa para fazer mais rapidamente. E as pessoas estavam buscando uma conexão humana que a não ficção traz por falar, é claro, de pessoas reais e sentimentos reais.”

Assim, o conteúdo de não ficção resolve dois problemas: de um lado, a plataforma consegue produzir mais conteúdo para chamar a atenção do espectador. Dá até para errar mais, já que é um conteúdo mais barato. Do outro, cria vínculos com o público. Para Verônica, a não ficção está definitivamente no futuro da HBO Max. “A não ficção pegou aquele lugar de manter a roda girando e manter o público engajado, interessado. A ficção não dá essa entrega”, conclui. “É uma tendência que veio para ficar.”

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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