Com todos os acontecimentos registrados nas últimas semanas no Rio Grande do Sul, uma preocupação que atingiu os brasileiros em diversos cantos do país foi relacionada ao abastecimento de arroz, já que o estado é responsável por 78% da produção do alimento, segundo o Ministério da Agricultura. Em Petrópolis, os supermercados registraram aumento nas vendas e adotaram medidas para garantir os estoques do produto.
Em dois mercados procurados, as situações foram diferentes. A reportagem consultou o Multimix e o Bramil, que detalharam o que vem acontecendo, as ações feitas e as expectativas.
No Empório Multimix, o estoque previsto para durar 35 dias foi comprado em apenas uma semana e está sendo reposto aos poucos. No entanto, existe uma dificuldade de oferta, já que as indústrias não têm previsão para começar a vender novamente, já que as estradas não estão disponíveis para o transporte.
Hoje, segundo o supermercado, apenas os distribuidores possuem estoques de arroz e aproveitaram para subir o preço. O Multimix afirmou ainda que, em respeito aos consumidores, não aumentou o preço e acredita que a situação irá se normalizar quando as estradas forem liberadas.
No Bramil, desde a última quinta-feira (9), a venda de arroz nas lojas está com a quantidade restrita por pessoa. A medida visa garantir que todos os clientes consigam comprar o produto. O supermercado ressaltou que há produtos disponíveis nas lojas, apesar do recebimento de algumas cargas de arroz já apresentarem atrasos por conta das estradas ainda permanecerem obstruídas.
Ainda segundo o Bramil, apesar de algumas marcas de arroz não estarem conseguindo enviar produtos, causando “rupturas” em algumas lojas, estes casos são classificados como isolados e não há riscos de desabastecimento até o presente momento.
Além destes, outros mercados da cidade também adotaram medidas, como limitar a quantidade de quilos de arroz vendidos por cliente.
Associação afirma que não há risco de falta de arroz
O vice-presidente da Associação de Supermercados das Américas (ALAS) e presidente da Associação de Supermercados do Estado do Rio de Janeiro (ASSERJ) Fábio Queiróz, afirmou que não há motivos para preocupações relacionadas ao desabastecimento, dizendo que a limitação nas vendas do produto em diversas redes ocorreram de forma preventiva.
“Não há relatos de problemas com o carregamento dos caminhões, já que as fábricas contam com trabalhadores. O desafio maior é passar os caminhões nas vias e estradas alagadas e danificadas, eles não estão saindo do Rio Grande do Sul”, ressaltou Fábio.
O presidente da Asserj também pediu para que o consumidor não compre mais unidades de arroz que o necessário: “Então, gostaria de falar com você, consumidor, para agradece-lo por não encher o seu carrinho de compras com arroz. E aproveito para dizer também que, nesse período, a substituição de produtos ajuda a equilibrar a oferta. Busque trocar o arroz a outros carboidratos, como macarrão, por exemplo, para que possamos, juntos, passar por esse momento difícil”.
Importação do produto
Na última semana, foi anunciado que a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), buscando evitar uma possível escalada no preço do arroz, irá comprar o produto no mercado internacional. De acordo com o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, a soma de perdas registradas no Sul, com a dificuldade logística causada pelas rodovias interditadas poderia criar uma situação de desabastecimento e elevar os preços no comércio.
Em pronunciamento nesta quarta-feira (15), o ministro voltou a falar do assunto e disse que o Governo Federal não pensa em concorrer com os produtores do Rio Grande do Sul ao importar o produto.
“O objetivo da portaria não é concorrer com os produtores gaúchos. O governo não seria insensível de criar uma concorrência, fazer baixar o preço do arroz para o produtor. Inclusive, queremos tranquilizar os produtores em relação a isso. Teremos uma medida provisória muito em breve que dará benefícios aos produtores de arroz do Rio Grande do Sul”, disse o ministro.