Com saída de tucano, marqueteiro pode ir para campanha de Tarcísio
A ameaça de levar à Justiça a disputa interna tucana acabou por isolar de forma definitiva o ex-governador João Doria no PSDB. Com a desmobilização da pré-campanha presidencial, Lula Guimarães, marqueteiro do tucano, foi sondado por aliados de Tarcísio de Freitas, pré-candidato escolhido pelo presidente Jair Bolsonaro para disputar o governo paulista, para assumir a campanha do ex-ministro bolsonarista – a troca é rejeitada pelos tucanos.
A desistência de Doria de sua pré-candidatura à Presidência começou a ser desenhada durante uma reunião da executiva do partido, em Brasília, na terça-feira da semana passada. Na ocasião, aliados considerados fiéis rejeitaram a tentativa do tucano de judicializar o embate dentro do partido.
Dois apoiadores do pré-candidato à Presidência, os deputados federais Carlos Sampaio e Samuel Moreira, rejeitaram a ameaça do ex-governador. Doria, que venceu as prévias tucanas, já tinha pronto um parecer elaborado por um escritório da advocacia caso fosse retirado da disputa ao Palácio do Planalto na convenção do partido, que deve ocorrer entre julho e agosto.
Sampaio, advogado e ex-promotor de Justiça, deixou claro durante reunião da executiva que seria capaz de rebater o parecer. O deputado argumentaria que decisões tomadas na convenção do partido se sobrepõem às das prévias. Para aliados do ex-governador, aquele era um sinal claro que o então aliado estava abandonando a pré-candidatura presidencial de Doria.
Mesmo entre os apoiadores mais próximos do ex-governador, a ameaça do tucano foi entendida como um erro, pois teria unido a executiva do PSDB contra ele e dado munição para o presidente da legenda, Bruno Araújo, ampliar o movimento para sufocar a pré-campanha do ex-governador paulista.
Aliados de Doria classificaram a reunião da executiva nacional como um “massacre” – mesmo com grupo do deputado Aécio Neves, que era publicamente contra a candidatura de Doria, ter se insurgido contra a tese do PSDB apoiar a senadora Simone Tebet (MDB-MS).
No entanto, havia ainda uma esperança: a de que o governador de São Paulo, Rodrigo Garcia, lançado por Doria como candidato à reeleição ao Palácio dos Bandeirantes, se posicionasse contra ao que o pré-candidato à Presidência pelo PSDB chamava de “golpe” dentro da legenda e defendesse que o partido tivesse uma candidatura própria ao Palácio do Planalto. Não foi o que ocorreu. Em entrevista ao Estadão, Garcia disse que seu apoio era para um candidato da terceira via e sinalizou que o nome deveria ser o de Simone Tebet.
A decisão pela desistência veio na sequência. Doria convocou um jantar com sua equipe em sua casa, no sábado passado. No encontro, estavam presentes Marco Vinholi, presidente do PSDB e coordenador da pré-campanha, o ex-ministro Antonio Imbassahy, o tesoureiro do PSDB, César Gontijo, a assessora Letícia Bragaglia e o marqueteiro Lula Guimarães.
O grupo começou ali a discutir as linhas gerais do pronunciamento de ontem, que foi escrito por Guimarães. No dia seguinte, Doria reuniu-se com Garcia e comunicou sua decisão. Ficou combinado que parte do seu entorno voltaria para o governo ou para a pré-campanha estadual. A aliados, Doria disse que não deve falar sobre o assunto nos próximos dias.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.