Comércio na Baixada Fluminense evidencia falta de infraestrutura da Rua Teresa
A concorrência das feiras na Baixada Fluminense, do comércio online, a falta de infraestrutura, ausência de investimentos, o alto preço do pedágio, as condições precárias da subida da serra, o atraso na construção da nova pista, os altos valores da mercadoria e a falta de uma identidade. Esses foram alguns dos pontos citados como principais responsáveis pela atual situação em que o maior Polo de Modas da Região Serrana se encontra: cada vez mais lojas fechadas e crescente desemprego.
Entre 1990 e 2000, a Rua Teresa, considerada o maior shopping a céu aberto da América Latina, viveu seu tempo áureo, com 1.200 lojas abertas. Já entre 2000 e 2010 o número ficou entre 800 e 1000. Atualmente, são cerca de 700. Para a gerente regional do Sebrae, na Região Serrana, Claudia Pacheco, as lojas que fecharam aqui fechariam em qualquer lugar. Mas isso não deixa de ser preocupante, tendo em vista que o comércio formal emprega, atualmente, 17.614 pessoas formalmente e que, pelo menos, 2 mil desses empregos estão na Rua Teresa.
Enquanto o Polo de Modas de Petrópolis enfrenta uma crise, de baixa de movimento e queda de vendas, o concorrente Feirão de Malhas em Caxias cresce a cada dia. Na beira da BR-040, dois galpões: um de 8 mil metros quadrados e o outro de 3 mil metros quadrados. Juntos, agrupam 500 lojas, inclusive de marcas petropolitanas conhecidas. E empregam diretamente 2.500 pessoas. O feirão abre três vezes por semana: quarta, sexta e sábado, mas nos últimos meses do ano, vai funcionar todos os dias, para dar conta de tanto movimento. A equipe de reportagem da Tribuna esteve no local essa semana e identificou a magnitude de um projeto, que oferece aos clientes conforto. Isso porque o estacionamento custa R$ 5 para o dia inteiro. Quem vem do Rio, não precisa passar pelo pedágio. No espaço, há bares e restaurantes, banheiros, sala de enfermaria para primeiros socorros e o que o cliente mais gosta: oferta de produtos e preço baixo.
Um funcionário, que preferiu não se identificar, contou que o feirão é uma febre e que recebe pessoas de diversos pontos do país. “Vem excursão de Três Rios, Minas Gerais, Volta Redonda. Até de São Paulo já vi aqui”, revelou. Ele disse ainda que a maioria das lojas do local são de Petrópolis e acrescentou: “Com uma concorrência nesse nível, quem ia para a Rua Teresa, não vai mais". No feirão, os aluguéis das lojas custam entre R$ 2 e R$ 8 mil. Já as luvas cerca de R$ 150 mil. Enquanto em Petrópolis a contratação para emprego temporário está tímida, por lá os empresários já começaram a investir na mão de obra extra para o fim de ano. A maior parte dos empregados são da região da Baixada.
Para a Rua Teresa, o feirão é um forte concorrente. E para ele, a feira de Nova Iguaçu, com preços mais baixos, também representa uma ameaça. O que está em conformidade com o ponto de vista da gerente do Sebrae Claudia Pacheco, de que as marcas precisam investir na identidade, buscando nichos específicos para que possam sobreviver em qualquer lugar que estejam. E apesar de toda a magnitude do feirão, quem trabalha lá também reclama da crise econômica: “O cliente está procurando muito por preço. E muita gente só vem aqui para passear, virou um shopping”, disse a gerente de uma marca carioca Daniele Ribeiro.
Já uma vendedora de uma loja, cuja fábrica fica em Fortaleza, disse que há dois meses as vendas no local estavam muito fracas, mas que agora já começaram a melhorar. “No fim de ano aqui fica cheio”, disse ela, que também não quis se identificar.