Como “sobrevivemos” ao bullying
O bullying, como sabemos, não é uma prática exclusiva da geração atual, mas somente nessa geração ele tomou essa forma tanto nominal como problemática, dentro das áreas educacionais, da saúde e recentemente tem se manifestado na área jurídica. A palavra bullying, que deriva do inglês bully, significa: brigão, mandão, valentão; tem como objetivo caracterizar um conjunto de atitudes que se demonstrem agressivas causando angústia e sofrimento.
Todas as vítimas de bullying, em maior ou menor proporção sofrem com suas consequências. Muitos levarão para vida adulta marcas profundas e muito provavelmente necessitarão de apoio psicológico/ ou psiquiátrico para superar seus traumas. É na infância e adolescência que nossas opiniões, sonhos, emoções aparentam sempre estar em maior escala dentro de nós, não é mesmo?!
Na adolescência é comum que a opinião de outros nos afetem e nos influenciem em maior proporção do que na vida adulta. As mudanças com o corpo, por exemplo, causam estranheza e desconforto entre adolescentes, por isso precisamos falar sobre empatia, o cuidado com as feridas psicológicas que alguns comentários podem causar no outro e principalmente, aceitação e amor próprio.
É comum ouvirmos frases do tipo: “Na minha época, existia tudo isso, era muito pior e sobrevivemos”. De fato. Sobreviveram e sobrevivemos. O que devemos pensar é se queremos que nossas crianças sobrevivam à escola ou se tornem seres realizados, felizes e completos no meio escolar. O que vivemos queremos reproduzir ou queremos evoluir? Antes de responder a essa pergunta precisamos compreender que o bullying pode ser praticado de forma direta e indireta, bem como suas consequências também se apresentam de forma explicita ou não.
Um adolescente pode sofrer bullying na escola e não demonstrar claramente que as agressões estão o afetando, porém ele pode se tornar um adulto com graves problemas de relacionamento e autoestima. Será que os problemas da geração adulta podem estar ligados com o bullying que “sobrevivemos”?! Deixo essa resposta aos meus colegas psicólogos.
Mas fica a reflexão a todos nós. Se você se encaixar no grupo de “evolucionistas” e quiser que seu filho tenha um ambiente sadio na escola, você pode combater o bullying escolar o identificando, afinal o bullying, além de tudo, compromete o desenvolvimento do aluno não só no campo disciplinar, dependendo da forma como ele reagir às agressões, mas no campo da aprendizagem.
Um aluno preocupado com os insultos frequentes, na maioria das vezes tem seu rendimento comprometido. Esse inclusive pode ser um sinal de que há algo errado com a vida escolar e que ela pode e deve ser investigada. Isolamento, falta de apetite, agressividade nos diálogos familiares ou com os colegas mais próximos, insônia, podem ser sinais de que existe um problema que precisa ser compartilhado mas que nem sempre a abertura para esse assunto é de fácil acesso.
Falar sobre o bullying com a família pode ser uma barreira para o aluno por temer a reação dos pais. Para isso é preciso passar o máximo de confiança e respeitar os limites da vítima. Entre as crianças menores, por vezes, precisamos decifrar sinais- interpretar desenhos, histórias que a criança conta mesmo que o personagem não seja ela, leitura sobre pequenos comportamentos diferentes no dia a dia – e ter o máximo de sabedoria para levar esse assunto à direção da escola para que a equipe pedagógica saiba abordar da melhor forma o assunto entre os pequenos.