Comunidades e PMP divergem sobre número de doenças transmitidas pelo A. aegypti

13/02/2019 12:49

Depois dos mais de 20 casos de chikungunya relatados por moradores do Meio da Serra, moradores da Vila Rica contabilizam pelo menos outras 20 pessoas com suspeita da doença. Segundo a prefeitura, Petrópolis registrou até o momento 55 casos suspeitos de "doenças transmitidas pelo Aedes aegypti", 11 deles oriundos do município de Magé. Do total, apenas cinco foram confirmados como sendo chikungunya e um como dengue. Os demais, segundo a secretaria de Saúde, seguem em análise. Em busca de diagnóstico preciso, uma moradora conta que chegou a pagar pelo exame na rede particular.

O número de casos suspeitos de doenças transmitidas pelo Aedes aegypti tem alarmado as comunidades. “Aqui é mais fácil dizer quem não ficou doente", disse a dona de casa Ester Desaveri, de 46 anos, moradora da Vila Rica. "Inclusive tem casos muito graves. Lá em casa, eu e minha filha ficamos doentes”.

A confeiteira Jeniffer de Oliveira, de 28 anos, conta que no seu caso a fase mais aguda da doença já passou. Entretanto, ela relatou ainda sentir incômodos pelo corpo. “Tanto eu quanto meu marido contraímos a doença poucos dias depois do Natal, e apresentamos todos os sintomas. Eu já estou melhor, mas até hoje as articulações doem e me incomodam. Ficamos cobertos de manchas avermelhadas, coceira e dores por todo o corpo. E isso está acontecendo na localidade toda. Só descobrimos o diagnóstico porque pagamos pelo exame particular, que custa mais de R$ 500,00”, disse.

Segundo os moradores, agentes de saúde da prefeitura realizaram ações de prevenção e combate aos focos da doença no final do ano passado. As ações instruem sobre regras básicas, como eliminar toda água parada em pratinhos de plantas, pneus e outros recipientes, que funcionam como criadouros para o Aedes aegypti, bem como não deixar lixo acumulado. Entretanto, eles acreditam que o córrego que atravessa a localidade, a coleta ineficiente de lixo e moradores que impedem a entrada de agentes prejudiquem a saúde coletiva.

“Além desse córrego imundo e poluído aqui, que é com certeza o principal foco, tem muito lixo, principalmente na caçamba aqui da rua, que dificilmente é recolhida com frequência. Ali deve haver um grande foco para os mosquitos também, já que até mesmo uma tampinha de garrafa é o suficiente. As pessoas modem morrer”, desabafou Ester.

“O diagnóstico da UPA não acusa a doença, e a gente fica de mãos atadas mesmo tendo todos os sintomas. Eles só encaminham pra um exame especializado se você ficar indo lá todos os dias com dores e sofrendo naquela espera. Fora isso, eles só mandam você voltar pra casa e beber muito líquido. O ruim é que muitas pessoas sequer sabem o que está acontecendo, já que não vejo a prefeitura realizando nenhuma ação de prevenção”, relembrou a dona de casa Maria Amélia Azevedo, de 57 anos, moradora do Meio da Serra que também sofreu com a doença no mês passado.

Questionada sobre a situação, a prefeitura informou em nota que o resultado do primeiro Levantamento de Índice Rápido de Aedes aegypti (LIRAa) aponta baixo risco de infestação  pelo mosquito Aedes aegypti nos cinco distritos de Petrópolis. A prefeitura também informou que dos 55 casos suspeitos notificados à secretaria de Saúde, 11 são de pessoas provenientes do município de Magé. Apenas dois casos suspeitos de doenças transmitidas pelo mosquito foram registrados na Vila Rica.

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