Conheci o malandro Tailandês! O esquema do TukTuk
Hoje é o primeiro dia que acordei em Bangkok, com uma ressaca de fuso horário terrível. Para não ficar no quarto e me forçar à adaptação local, tive a incrível ideia de usar o Trip Advisor e ver os locais mais próximos para ir caminhando. Logo ali perto estava o Templo Buda de Ouro, apenas 16 min me separavam dele. Quem me conhece sabe que o meu senso de direção não é dos melhores, mas com o Google Maps quem ser perde, né?! Pois lá fui eu… saí do hotel e foi seguindo o pontinho azul no mapa que me levou para o meio de um local em obra cheio de homens de uniforme trabalhando. Se fosse no Brasil teriam me cantado com toda certeza, a única que coisa que ouvi foi um deles me avisando que o meu zíper da calça estava aberto, agradeci fingindo que eu não tinha virado um avestruz e enfiado a cara na terra de vergonha.
Depois de 5 min andando e suando em um calor de 33 graus o Maps disse que faltavam 25 min para o destino. Continuei seguindo o bendito pontinho azul e voltei para o lugar de início!!! Não me perguntem como isso aconteceu… nesse momento para o TukTuk do meu lado, é um táxi local muito popular em Bangkok. O motorista é o Changshine (algo como SunShine), homem de uns 40 anos, sorridente, simpático e com um bom inglês. Perguntei logo quanto seria até o Buda de Ouro, e ele me ofereceu dar uma volta pela cidade por 1h e parar em alguns lugares por 140 Bath, que são uns R$12,00. Como achei barato, ele era simpático e eu queria dar um rolé, topei!
A malandragem do Tuk Tuk é a seguinte: alguns motoristas têm acordo com lojas locais, quando conseguem levar os turistas para essas lojas o motorista ganha gasolina gratuita. Ele me disse que precisava abastecer, parou numa rua com algumas lojas e sugeriu que eu entrasse em uma loja com uns vestidos estranhíssimos enquanto ele abastecia. Eu ignorei e fui andando para o outro lado, porque não havia nada do meu interesse. Ele veio atrás de mim e me contou sobre o esquema todo, e me disse que eu não precisava comprar nada, era só entrar na loja. Ao me contar ele me envolveu em seu dilema ético. Ele escolheu enganar a loja a me enganar. Em nenhum momento eu tive medo ou observei qualquer comportamento ameaçador. E os vendedores tão pouco me pressionaram a comprar nada. A necessidade dele era por dinheiro, a minha por entretenimento, a da loja por turistas que comprassem.
Nós temos o malando Carioca e Bangkok tem o malandro do TukTuk. Bom de lábia, articulado e confiante. Não sei analisar ainda quem perde ou ganha mais nesse esquema. O que me incomoda é falta de clareza na hora de buscar os turistas e a intenção de enganar alguém para se dar bem.
Seguimos viagem pelas vielas cheias de cores e cheiros. Ele parou em outra loja e disse que eu precisa ficar mais tempo na loja, porque se eu ficasse 2 min ele não ganhava a gasolina. Ele apertou os mindinhos com o meu dizendo que prometia que seria a última loja, não pude deixar de rir. Confesso que eu não tinha muita escolha. Lá fui eu ver uma loja de bolsas piratas escondida atrás de uma cortina dourada de uma loja de fachada de panos. Fiquei 5 min vendo bolsas caríssimas e saí. Fomos em outro templo onde pude ver a cultura local prestando homenagem aos Deuses. Depois ele me deixou na China Town, paguei o combinado e cada um seguiu seu destino.
Foi um passeio simples, as paradas nas lojas me tomaram uns 15min no total. Ele ganhou a gasolina a loja recebeu compradores em potencial. Nada teria de mal se fosse um acordo claro desde o início. Ele poderia dizer “vou fazer um tour que envolve 4 templos e 2 paradas em comércios locais que dão suporte ao TukTuk, que permite que o preço fique mais barato para os turistas. Possivelmente os turistas concordariam de bom grado e ninguém seria enganado. Todas as necessidades dos 3 atores (loja, TukTuk e turista) são compreensíveis. A forma como o processo foi conduzido me incomodou. A melhor forma de resolver conflitos é buscar entender as necessidades em questão e encontrar uma forma onde todos os envolvidos saiam ganhando. Usando da honestidade e clareza a todo momento. Se houver outra oportunidade vou levantar a reflexão.
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Esta apresentação reflete a opinião pessoal do autor sobre o tema, podendo não refletir a posição oficial do Jornal Tribuna de Petrópolis.