Conmebol insiste em final única da Libertadores após fiascos e prevê recorde de público

29/nov 16:00
Por Ricardo Magatti / Estadão

A Conmebol insistiu e após fiascos, sobretudo em decisões da Copa Sul-Americana, pode comemorar. Depois de ter o Maracanã lotado para a final da Copa Libertadores de 2023 entre Fluminense e Boca Juniors, neste ano, mais de 60 mil ingressos foram vendidos até esta sexta-feira para o duelo que consagrará Atlético Mineiro ou Botafogo como campeão continental.

A expectativa da Conmebol é de que o Monumental de Núñez, estádio que passou por uma ampla reforma e hoje comporta até 85 mil torcedores, esteja perto de sua lotação máxima, ao contrário do que aconteceu em outras finais recentes. Em 2022, com a baixa procura, resultado dos preços elevados e da dificuldade de acesso a Guayaquil, no Equador, os organizadores fizeram promoções, sorteios e até distribuíram ingressos para a decisão entre Athletico-PR e Flamengo, disputada com mais ou menos metade da capacidade do estádio – 30 mil dos 60 mil lugares ocupados.

No ano passado, 69 mil torcedores estiveram em Fluminense x Boca Juniors no Maracanã. O público foi alto, claro, por causa da presença do time carioca na decisão disputada em casa. Desta vez, a Conmebol espera entre 70 mil e 75 mil torcedores, o que seria um recorde em uma final de Libertadores disputada em jogo único.

Todos os ingressos destinados ao Setor Centenário, espaço exclusivo à torcida do Botafogo, foram esgotados. As 22 mil entradas disponibilizadas pela Conmebol foram compradas em menos de dois dias.

A Conmebol considera positiva a polêmica decisão de ter trocado finais em dois jogos nas casas dos finalistas por realizar a decisão em jogo único e em campo neutro, copiando o modelo adotado pela Liga dos Campeões. A entidade menciona o impacto financeiro e a valorização do turismo nas cidades escolhidas e entende ser mais atrativo o modelo atual.

A entidade responsável pelo futebol sul-americano não divulga oficialmente a parcial de venda, mas o Estadão apurou que, até esta sexta, véspera do jogo, foram vendidos pouco mais de 60 mil ingressos: 22 mil para botafoguenses, 12 mil aos atleticanos e 30 mil bilhetes de setores mistos.

A entidade que organiza o futebol sul-americano tem boa relação com dirigentes antigos e atuais do River e havia prometido há anos que o Monumental seria o palco da decisão da competição mais importante do continente. O estádio do River foi escolhido por causa da “infraestrutura moderna do Monumental pós-reformas”, além da “história esportiva e grande capacidade” do estádio, segundo os argumentos de dirigentes da Conmebol.

Neste ano, ao contrário do que fizera em temporadas anteriores, a Conmebol postergou ao máximo a divulgação do estádio que abrigará a final da Libertadores e só fez o anúncio no começo de outubro, a menos de dois meses da data da partida, e quando os semifinalistas do torneio já estavam definidos.

O Monumental venceu a concorrência com o estádio Libertadores de América, do Independiente, em Avellaneda, na região metropolitana de Buenos Aires, e o Único Diego Armando Maradona, em La Plata, a 50 km da capital argentina.

É provável que os botafoguenses formem o maior público em uma final da competição no modelo atual fora de seu país de origem. O posto pertence à torcida do Flamengo, que levou 26 mil flamenguistas a Montevidéu, em 2021, quando o time foi derrotado pelo Palmeiras.

CONMEBOL PREVÊ PÚBLICO RECORDE NO MONUMENTAL

A maior parte dos botafoguenses partiram, claro, do Rio de Janeiro. Mas há torcedores de todas as partes. Morador de Porto Velho, em Rondônia, Wanderlei Maia enfrentou três dias de viagem de ônibus para ver seu time de perto pela primeira vez. Ele organizou a excursão com 40 lugares.

“A maioria nunca nem viu um jogo no Rio. Só uns três ou quatro. Nunca fui para o Engenhão. Vai ser uma experiência única”, conta. “É muito perrengue, a gente abre mão de muita coisa, mas a maioria dos familiares aceitou numa boa. É um sonho nosso, nunca tínhamos imaginado”.

Potiguar de Natal, o militar Lucas Bonfim pagou caro para voar com o pai de sua cidade até a capital argentina. “Viemos de avião, mais de 12 horas de viagem, com escala no Rio e em Santiago do Chile, só encontramos passagem por este trecho”, relata. Ele diz ter gastado R$ 25 mil com hospedagens, passagens aéreas e ingressos. Só com as entradas para ele e o pai desembolsou R$ 7 mil. “Fora a alimentação por aqui, que está cara demais”, constata.

A torcida do Atlético-MG também tem direito a mesma carga, de 22 mil ingressos, e ficará no setor Sívori, no lado oposto, atrás do outro gol. Os outros bilhetes são para setores mistos.

Os setores destinados a cada torcida tem os ingressos mais baratos. As entradas para os espaços nas cadeiras centrais são as mais caras. O bilhete mais econômico custa 60 mil pesos argentinos (R$ 350) e o mais caro, 384 mil pesos argentinos (R$ 2,2 mil).

Confira os palcos das finais únicas da Libertadores:

2019 – Flamengo 2 x 1 River Plate, Estádio Monumental de Lima, no Peru

2020 – Palmeiras 1 x 0 Santos, Maracanã, no Rio

2021 – Palmeiras 2 x 1 Flamengo, Estádio Centenário, em Montevidéu, no Uruguai

2022 – Flamengo 1 x 0 Athletico-PR, Estádio Monumental de Guayaquil, no Equador

2023 – Fluminense 2 x 1 Boca Juniors, Maracanã, no Rio

2024 – Atlético-MG x Botafogo, Monumental de Núñez, em Buenos Aires, na Argentina

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