Conselho Municipal deve se posicionar nesta quarta-feira sobre pedido de tombamento da Casa da Morte

20/11/2018 00:20

O Conselho Municipal de Tombamento vai se posicionar nesta quarta-feira, 21 de novembro, a partir das 10h, na Casa dos Conselhos, a respeito do tombamento da Casa da Morte de Petrópolis. O imóvel situado na Rua Arthur Barbosa, no Caxambu e, segundo pesquisas, abrigou na década de 1970, durante a ditadura militar, um centro clandestino de torturas e desaparecimentos políticos. 

Documentos apontam que Inês Etienne Romeu foi a única pessoa que saiu viva da casa, ou seja, a única sobrevivente. Inês conseguiu, junto com a Comissão Nacional da Verdade, identificar o imóvel e relatou inúmeras vezes à imprensa as torturas que sofreu no local, além de ter comentado sobre outros militantes que encontrou no período em que esteve em Petrópolis. Inês morreu em 2015, em Niterói, por insuficiência respiratória.

Desde o ano passado, a Comissão da Verdade de Petrópolis (CMV) luta para conseguir o tombamento da casa, o que vai permitir que as características da fachada não sejam alteradas. Também participam desta luta outras instituições, como a Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos, Brasil Nunca Mais, Ministério Público Federal (MPF), Centro Alceu Amoroso Lima para a Liberdade (CAAL), Centro de Defesa de Direitos Humanos de Petrópolis (CDDH) e Coordenadoria Estadual por Memória e Verdade do Rio de Janeiro. 

Em outubro deste ano, a Rede de Sítios de Memória Latino Americanos e Caribenhos (Reslac) também fez uma moção em apoio ao tombamento do imóvel durante um encontro que reuniu pessoas de 12 países na Colômbia. O documento foi entregue no dia 13 deste mês, pela Comissão da Verdade, à Prefeitura de Petrópolis ao Conselho de Tombamento e ao vereador Luizinho Sorriso. 

A CMV destaca que o tombamento do imóvel é o primeiro passo em direção ao processo de desapropriação da casa para que seja transformada em um Memorial pela Verdade e Justiça. Porém, a comissão lembra que a desapropriação depende de ações do poder público porque envolve outras questões, como investimentos para comprar o imóvel do atual proprietário. Depois, seria preciso fazer um projeto para criação do Memorial. 

Apesar disso, a CMV, que está em fase de conclusão do trabalho de pesquisa sobre os crimes cometidos em Petrópolis durante a ditadura militar, acredita que preservar o imóvel é uma maneira de reconhecer os crimes que foram praticados no local, a luta daqueles brasileiros que lutavam pela democracia, garantindo a memória às gerações futuras e chamando a atenção para que não se repitam no presente os erros cometidos no passado.


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