05/07/2022 11:17
Por Rafael Cataldo*

Vamos juntos fazer algumas reflexões para o investidor. A primeira delas: “Investimento bem sucedido é o que tem uma performance melhor que a do mercado e que a de outros investidores”.

E como analisar a performance dos demais investidores e do mercado em geral? Trago o conceito de benchmark, que se resume no termo referência. Em marketing, benchmark é analisar a concorrência. Em investimentos, é ter como referência um indicador a ser perseguido.

Abaixo segue um gráfico do site Mais Retorno com alguns benchmarks do mercado, ou seja, alguns indicadores que norteiam investimentos.

Neste link você pode acessar a ferramenta e fazer suas análises alterando períodos e ativos.https://maisretorno.com/app/comparador-ativos?p=24&a=cdi:idx,ipca:idx,ibov:idx,poup:idx

Qual linha perseguir ou tentar superar? Neste gráfico que tem uma visão dos últimos 2 anos, temos alternância entre algumas linhas em suas performances.

Por um período a bolsa de valores brasileira representada pelo índice Ibovespa, linha laranja, teve o melhor desempenho. Atualmente, está na baixa.

Howard Marks, autor do best seller “O mais importante para o Investidor”, leitura tida como obrigatória para quem deseja ampliar seus horizontes no mundo dos investimentos, nos traz o conceito do Pensamento de Segundo Nível. Ele prega que poucos têm a vocação natural para ser grandes investidores, mas alguns podem ser ensinados através de cursos, assessoria e conteúdo especializado. E nesta formação para se tornar um grande investidor a primeira coisa a ser ensinada, a ser trabalhada, é o Pensamento de Segundo Nível que consiste resumidamente em um olhar além do óbvio. Olhar oportunidades que os demais não enxergam. Trata-se de o pensamento fora da caixa, além do do senso comum do mercado visto que se apenas seguirmos o mercado vamos ter o desempenho na média do mercado.

Exemplo prático de hoje: no cenário mundial, o grande temor é a inflação. E o Brasil, apesar de mais acostumado com um histórico de altos índices de inflação ao longo de sua história, está assustado com a linha rosa do gráfico, o IPCA, indicador da inflação brasileira. No mundo dos investimentos, temos essa linha hoje como principal benchmark, ou seja, referência a ser batida pois se seu dinheiro rende menos que IPCA ele está sendo desvalorizado, está abaixo da inflação e perdendo valor/patrimônio.

Assim, diversos players/bancos/corretoras/gestores do mercado estão atrelando seus investimentos a curto/médio/longo prazos ao IPCA. Mas isto é ter um pensamento de segundo nível ou é ver o óbvio?

A linha rosa vai subir por mais quanto tempo?

Qual será a linha/projeção da inflação implícita nos próximos meses e anos? (https://www.anbima.com.br/pt_br/informar/curvas-de-juros-fechamento.htm)

Posso aproveitar as outras linhas/indicadores e distribuir minha carteira de investimentos a fim de balancear a aproveitar o melhor de cada uma das linhas do gráfico? 

Vamos fazer outro exercício de olhar além do óbvio dentro do mundo dos investimentos e perguntar: Um investidor de perfil conservador pode ter ativos de renda variável?

Trago abaixo um resumo de uma ferramenta da Tech Finance sobre o perfil de investidor Conservador:

Várias são as indicações de distribuição de investimentos e isto não é uma recomendação minha, até por que por força legal não posso dar este tipo de recomendação. Aqui estou pedindo que você faça apenas um exercício de olhar além do óbvio e pensar se um investidor classificado como Conservador pode ter, por exemplo, um investimento em renda variável, que inicialmente remete à ideia de bolsa de valores e ações.

Particularmente considero que sim, existe dentro da renda variável ativos conservadores, de baixo risco. Há risco? Sim. Mas é compensado com um balanceamento de uma carteira que visa superar indicadores e proporcionar uma rentabilidade acima da média ao investidor.
Por isso que no artigo anterior coloquei a dica de ter o assessor de investimentos para auxiliar o investidor na sua jornada. Aplicando o perfil da imagem anterior em um mapa de alocação temos a seguinte possível diversificação;

Repare que coloquei um valor redondo de R$ 100.000,00 e vamos fazer alguns exercícios de reflexão e reparar alguns itens com um pensamento de segundo nível pensando em todas as imagens do artigo e gerando conclusões:

– Poderíamos aplicar 10% do patrimônio deste investidor fictício em ações. Mas dentro deste valor ainda há uma outra subdivisão de ações a serem analisadas em conjunto com o momento de compra da ação. Hoje poderíamos dizer que o investidor Conservador de longo prazo, que tem o objetivo de compor um patrimônio diversificado, pode utilizar a baixa da bolsa para comprar ativos que lhe proporcionem um ganho acima da média no longo prazo e puxar a rentabilidade da sua carteira para cima. Um mix de ações que inclusive podem lhe pagar dividendos regularmente já em curto prazo.

– Fundos imobiliários que hoje estão muito na moda, desde que olhemos a carteira de imóveis que compõem o fundo e seus contratos, podem ser uma boa opção.

– no gráfico dos indicadores de mercado, linha roxa (poupança) é desvalorização de seu patrimônio. Temos muitas opções de produtos acima dos 100% CDI (linha azul) e do IPCA (inflação), mas fiquemos atentos ao tempo de permanência, pois a curva destes indicadores pode mudar e iniciar reversão à queda em médio e longo prazo.

– no bloco proteção, podemos trabalhar ativos como Ouro, Dólar e até estruturas utilizando hegge no mercado de derivativos.

Ou seja, já quebramos a mentalidade de que um Conservador vai ficar com seu dinheiro na poupança. Basta exercitar o pensamento e buscar boas opções de investimento. Poderíamos criar um último gráfico com diversos papéis e carteiras de ações mostrando ganhos reais de investidores num período recente e sem se expor à risco demasiado.
Então, fica o convite: vamos trabalhar o pensamento de segundo nível, pois para que o desempenho seja diferenciado, seu portfólio tem que seguir o mesmo caminho.

Até o próximo artigo.

*Rafael Cataldo/Assessor de Investimentos

rafael.cataldo@tagaai.com.br

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