Conversão e Testemunho
O Evangelho de hoje ( Mt 4, 12 – 23 ) apresenta Jesus, depois de ter deixado Nazaré e de ter sido batizado no Jordão; vai a Cafarnaum para o início da sua missão pública. Ela consiste essencialmente na pregação do Reino de Deus e na cura dos doentes, para demonstrar que este Reino se fez próximo, aliás, já veio entre nós.
A “boa nova” que Jesus proclama resume-se nestas palavras: “O Reino de Deus – o Reino dos Céus – está próximo” ( 4, 17; Mc 1, 15 ). O que significa esta expressão? Certamente não indica um reino terreno delimitado no espaço e no tempo, mas anuncia que é Deus quem reina, que é Deus o Senhor, e o seu Senhorio está presente, é atual, está a realizar-se.
A novidade da mensagem de Cristo é, portanto, que Deus n’Ele se fez próximo, já reina entre nós, como demonstram os milagres e as curas que realiza. Deus reina no mundo mediante o seu Filho feito homem e com a força do Espírito Santo, que é chamada “mão de Deus” ( Lc 11, 20 ). Aonde chega Jesus, o Espírito criador leva vida e os homens são curados das doenças do corpo e do espírito. O Senhorio de Deus manifesta-se então na cura integral do homem. Com isto Jesus quer revelar o rosto do verdadeiro Deus, o Deus próximo, cheio de misericórdia por todos os seres humanos; o Deus que nos dá o dom da vida em abundância, da sua própria Vida.
O Reino de Deus é, portanto, a vida que se afirma sobre a morte, a luz da verdade que dissipa as trevas da ignorância e da mentira. “O povo que vivia nas trevas viu uma grande luz” ( cf. Is 9, 1 – 4 ). Que luz é esta que o povo viu? Trata-se da luz que é o próprio Jesus. Quando Jesus se encarna, cumprindo as profecias todas, Ele está se proclamando como a verdadeira luz que veio ao mundo ( Jo 1,9 ). É por isto que Ele inicia seu ministério público afirmando: “Converteivos porque o Reino dos céus está próximo” ( Mt 4, 17 ).
Jesus é o Reino dos céus no meio de nós ( Lc 17, 21 ). Converter-se é acolher a vida nova que nos introduz neste Reino. Sem dúvida, uma das formas mais eloquentes de darmos testemunho da vinda do Reino é sendo “bem unidos e concordes no pensar e falar” ( 1Cor 1, 10 ). De fato, as divisões que S. Paulo condena ( 1Cor 1, 10 – 13. 17 ) se fazem muito presentes no mundo atual e constituem um escândalo – sobretudo quando se fazem presentes nas nossas comunidades. “Será que Cristo está dividido” ( 1Cor 1, 13 )?
Dizendo assim, Paulo afirma que qualquer divisão na Igreja é uma ofensa a Cristo; e, ao mesmo tempo, que é sempre n’Ele, único Chefe e Senhor, que podemos reencontrarnos unidos, pela força inexaurível da sua Graça. Onde Cristo é a grande luz, cresce a alegria, aumenta a felicidade, pois o nosso jugo foi abatido ( Is 8, 2-3 ).
Convertamonos de nossas divisões e sejamos luz! O Evangelho nos apresenta o chamamento dos primeiros Apóstolos: “Ele chamou enquanto caminhava junto ao mar da Galiléia. Estes homens experimentaram o fascínio da luz secreta que emanava de le e seguiram-na sem demora para que iluminasse com o seu fulgor o caminho das suas vidas. Mas essa luz de Jesus resplandece para todos.