Cooperativa falsa

23/09/2017 12:00



Na ânsia do lucro acima de tudo e apesar de todos, todos os funcionários das Upas de Petrópolis foram demitidos, em razão da nova licitação que promoveu mudança do gestor. Num Brasil ainda inflacionário e com os custos médicos aumentando cerca de 12 por cento no ano passado, segundo a Agência Nacional de Saúde, nossos “gestores”, entre aspas mesmo conseguiram a façanha de conseguir economizar mais de um milhão no novo certame. Como não podem fabricar dinheiro, a economia só pode vir de duas maneiras: restringindo o atendimento e/ou pagando menos aos funcionários.

Como fundador e ex-dirigente da Cooperativa Unicred, como fundador e dirigente da Cooperativa Usimed, e como membro da Cooperativa Unimed, gostaria de conversar com os dirigentes da nova gestora, para saber quando será a assembleia ordinária, quem são os conselheiros eleitos e como fazer para participar da direção da cooperativa em que pretendem inscrever os funcionários das Upas.

Analisando a forma de contrato oferecida até agora, vemos que o infeliz profissional que quiser aceitar as condições vai perder férias, décimo terceiro salário, fundo de garantia, aviso prévio, licença maternidade e outras conquistas. Para piorar a situação, até a garantia de recebimento de seus parcos honorários até o quinto dia do mês vindouro, se dissipará feito fumaça, que, com certeza, não será a do bom juízo. 

O mal informado que aceitar uma precarização do trabalho através da pessoa jurídica (PJ) correrá ainda o risco de ter uma ação de erro médico ou mau atendimento, em que terá de arcar com os custos, com seus bens pessoais. Custa crer que o secretário de Saúde, ex-funcionário de carreira, concursado, seja favorável a essa forma de escravidão. Ninguém pode esquecer da crise que vivemos, principalmente com lojas fechando até na nossa artéria principal, para não falar da Rua Teresa e do Polo do Bingen. 

O Sindicato dos Médicos de Petrópolis, assim como o Conselho Regional de Medicina, conclamam a todos os médicos que não aceitem esse tipo de contratação, que inclusive ofende ao código de trabalho médico, que diz ser infração aceitar trabalho com remuneração indigna. Estamos oficiando ao Ministério Público do Trabalho, ao Ministério Público, Federal e Estadual, visto haver verbas federais e estaduais envolvidas no custeio das unidades. Solicitamos também que na próxima terça- feira o Conselho Municipal de Saúde discuta a situação da contratação de profissionais. Reiteramos nosso pedido de audiência ao prefeito municipal Bernardo Rossi, embora nosso pedido já feito há mais de 40 dias continue dormitando em alguma gaveta. No mais, nos resta rezar e pedir a Deus que tenha clemência do povo petropolitano.

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