Coração de atleta não é coração doente
O exercício seja ele qual for, entre tantos benefícios, visa fortalecer os músculos e o mesmo acontece com o coração que passa a bombear maior volume de sangue por minuto. Dependendo do tipo de exercício, aeróbio, anaeróbio e misto o coração passa a bombear diferentes volumes de sangue que se reflete na Pressão Arterial, na Frequência Cardíaca e Duplo Produto. Já em 1971 fisiologistas franceses classificavam três tipos de corações treinados: aeróbio com cavidades maiores, anaeróbio com as paredes musculares mais grossas e o misto, com as paredes mais fortes e câmaras maiores. Corredores treinados podem ejetar até 900 mL de sangue por minuto. PLUIM e colaboradores, 1999 cita que os ajustes estruturais do coração de corredores de longa distância pode aumentar a massa muscular do ventrículo esquerdo em até 85%. O efeito crônico do treinamento aeróbio resulta diretamente no aumento no volume de ejeção, redução da frequência cardíaca, aumento do débito cardíaco, aumento na capacidade de captação de oxigênio e redução da pressão arterial (MEDINA et al. 2010). Por conta disso enquanto a frequência cardíaca normal de repouso do sedentário é em torno de 60 a 80 batimentos por minuto (BPM) a do corredor treinado fica entre 40 e 60 BPM. É sempre bom medir a FC logo de manhã.
Pois bem. Por conta dos sinais clínicos idênticos ao coração doente, tais como bradicardia, distúrbios de ritmo, ruídos sistólicos e zonas silenciosas, essas alterações fisiológicas de quem pratica atividade física foram durante muito tempo confundidas com doenças cardíacas. O “coração de atleta” foi o termo encontrado para diferenciar o coração doente do sadio descoberto por Henschen em 1899 ao comprovar que o coração do atleta é maior, bate menos vezes por minuto em repouso, tem câmaras cardíacas maiores e mais eficientes. O coração doente, chamado de cardiomiopatia hipertrófica, também bate menos vezes por minuto por NÃO TER FORÇA suficiente ou por deficiência na estrutura que gera os batimentos cardíacos chamado de nó sinusal. O “Coração de Atleta” bate menos vezes por minuto POR TER MAIS FORÇA e ejetar maior volume de sangue por minuto. Uma das causas da morte súbita no esporte pode estar relacionada a cardiomiopatia hipertrófica em pessoas que começam a correr sem saber que tem a patologia. Por isso é SEMPRE necessário fazer avaliação médica antes de começar qualquer atividade física e ser treinado por profissional de Educação Física habilitado e atualizado. Prof. Moraes
Literatura sugerida: PETKOWICZ, R. O. Coração de atleta e morte súbita. Revista da Sociedade de Cardiologia do Rio Grande do Sul, Rio Grande do Sul. v. 13, n. 1, p. 1-3, 2004.