Correios deixam moradores de servidão sem correspondências
Quem anda por aí reclamando dos atrasos na entrega de correspondências, pelos Correios, pode até não acreditar, mas tem gente na cidade enfrentando dificuldades ainda maiores. Moradores da servidão Jovelino Gomes, na Rua Juiz Castro Alves, no Jardim Salvador, por exemplo, não recebem suas cartas em casa, com regularidade, desde 2015. O costureiro Marco Antônio Afonso, por exemplo, não recebeu nenhuma correspondência neste ano. Apesar de denunciado várias vezes, o problema até hoje não foi resolvido, não deixando alternativa à comunidade: os moradores são obrigados a se dirigir até uma agência dos Correios para garantir a retirada de contas e documentos e evitar os juros por pagamentos em atraso.
A aposentada Vilma Lúcia vem tentando informações sobre o problema nos Correios, mas não conseguiu. “Saí da minha casa, gastei tempo e dinheiro e não consegui resolver o problema. Queria apenas entender o que tem acontecido, já que antigamente eu recebia todas as correspondências normalmente e agora não chega nenhuma”, reclamou.
Segundo um carteiro, que preferiu não se identificar por medo de represálias, o problema vem sendo causado pela falta de pessoal e também insatisfação por parte dos próprios funcionários. “Temos um deficit hoje em Petrópolis de 11 a 16 carteiros. Isso sobrecarrega quem está de serviço, que consequentemente não consegue treinar os funcionários terceirizados de forma adequada. Além disso, sei de casos de muitos carteiros que, mesmo sabendo que determinada servidão existe, opta por não entregar as correspondências. Os motivos vão desde o pequeno número de cartas para levar a determinado local, muitas vezes de difícil acesso, até a irritação com as condições de trabalho”, desabafou.
Bairros tradicionais de Petrópolis não constam nos registros dos Correios
Petropolitanos que moram nos bairros Alto Independência, Quitandinha e Alto da Serra, afirmam que a situação se repete nas localidades e pedem solução. Especificamente com relação ao bairro Jardim Salvador, a justificativa por parte dos carteiros é o fato da região não constar nos registros dos Correios. A descoberta foi feita pelo costureiro Marco Antônio Afonso, que há quatro anos mora na servidão Jovelino Gomes, e desde 2015 não consegue pagar as contas nas datas corretas com tranquilidade.
“Eu recebia todas as cartas corretamente, até que um dia disseram que eu tinha que mudar o endereço que constava nas minhas contas e incluir o nome da minha servidão, e assim o fiz. Mas a situação apenas piorou. Este ano, por exemplo, não recebi nenhuma carta sequer. Nos últimos meses tive que ir até os respectivos locais para acertar o que devia e isso provoca um grande desgaste. Acho um absurdo, com a minha idade, ter que passar por isso. Pegar ônibus, e rodar a cidade em busca dos boletos para pagar as contas sem juros. Só quero que o serviço seja normalizado. Afinal, hoje, qualquer valor a mais que se gasta no fim do mês faz muita diferença!”, reclamou Marco.
A vizinha, Alcenar de Souza que mora na região há 40 anos, enfrenta a mesma dificuldade. “Eles nos disseram que o bairro não consta. Como pode ser isso? Sempre recebi as correspondências e agora dizem que o bairro não está registrado? Isso não pode ficar assim! Ou os carteiros têm que receber novo treinamento, ou mais profissionais precisam ser contratados. O que não pode é ficar dessa forma”, afirmou, indignada.
Em nota os Correios informaram que as denúncias dos moradores da Servidão Jovelino Gomes foram encaminhadas para apuração. Eles afirmaram, ainda, que os problemas de entrega relatados pelos moradores ocorrem devido a endereçamento incorreto das correspondências. Os remetentes utilizam o endereço da Rua Julio Castro Silva (rua que principal que dá acesso à servidão), CEP 25720-002, porém indicam a numeração da servidão. Desta forma, os objetos são devolvidos com a anotação de “Número inexistente “ na Rua Julio Castro Silva.
Apesar disso, os moradores que denunciaram o problema mostraram correspondências datadas de novembro de 2016 com o endereço correto, conforme indicado pelo órgão. os Correios informaram também que, atualmente, cerca de 20% das correspondências de Petrópolis são postadas com o CEP errado.