Correios lançam, neste domingo (9), o selo comemorativo Bicentenário da Independência – Presença dos Correios

09/10/2022 10:00
Por Redação/ Tribuna de Petrópolis

Selo a respeito da participação do serviço postal na Independência ressalta a estrutura da entrega das cartas na primeira metade do século XIX

Os Correios lançam, neste domingo (9), o selo comemorativo Bicentenário da Independência – Presença dos Correios. A peça filatélica faz parte da série dos 200 anos da Independência do Brasil.

O selo a respeito da participação do serviço postal na Independência ressalta a estrutura da entrega das cartas na primeira metade do século XIX, a partir da perspectiva de como a instituição Correios, formada em 1663, funcionava e integrava a sociedade da época.

A arte, que traz elementos como a administração postal, seu oficial responsável e os indígenas transportadores de carta, feita a partir de informações históricas, busca uma representação acerca do seu significado para o momento presente. Referências historiográficas, bem como a visão e a criatividade da artista, se juntam para construir uma nova memória a respeito da participação da empresa na Independência.

História 

Uma reforma de Correios, iniciada pela Coroa portuguesa em 1798, iria modificar o funcionamento da comunicação à distância, feita até então por cartas, de maneira substancial. Com isso, o direito de organizar o serviço de transporte de correspondência e de auferir lucros advindos desta atividade pertenceriam diretamente à alçada real. Antes, os Correios eram monopólio de uma família, que explorava a atividade de forma privativa, tanto em Portugal quando no ultramar, desde o século XVII. 

A partir deste momento, os representantes régios na América portuguesa se incumbiram por montar toda uma estrutura administrativa (até então inexistente) responsável por enviar, receber e distribuir cartas. Este sistema postal, embora não organizado de forma centralizada, se expandiu e se manteve até os primeiros anos do Brasil independente.

Os Correios instituído às vésperas da ruptura com Portugal, contudo, não eram a única forma de se enviar correspondência e encomendas. Isso porque, desde antes de 1798, existiam outros sistemas que faziam a informação à distância circular: desde navios de comércio que levavam e traziam cartas por mar, até viajantes de caminhos e tropeiros que levavam por terra notícias escritas e encomendas. Toda esta estrutura não deixou de existir no período das reformas, e os Correios então instituídos passaram a representar apenas uma dentre várias possibilidades da população alfabetizada de enviar papéis escritos.

Essa variedade de meios comunicativos desempenhou um papel importante na Independência, quando então discussões políticas e múltiplos projetos de organização social circulavam em periódicos, livros e manuscritos, que poderiam passar pelo Correio, mas também por fora dele. 

A própria entrega da carta que culminou no 7 de setembro é um exemplo desta multiplicidade. Paulo Emílio Bregaro foi um personagem que marcou bastante a memória projetada posteriormente da participação dos Correios na Independência. Ele foi ressaltado em outras comemorações da mesma data, a exemplo do sesquicentenário em 1972. Oficial militar, Bregaro foi aquele que levou a correspondência da Corte do Rio de Janeiro para São Paulo para notificar D. Pedro I das atualizações da situação com Portugal. A construção da memória em torno de Bregaro, já nas comemorações do século XX, demonstram o esforço de inserir os Correios na história oficial de Estado sobre a Independência, voltada para o núcleo de elite que articulou este movimento político. 

Os indígenas, por exemplo, são personagens importantes quando pensamos a América portuguesa. No contexto específico dos anos posteriores à Independência, fontes relativas aos Correios apontam a atuação de indígenas contratados para levar, semanalmente ou a cada 15 dias, cartas em vilas e cidades de capitanias, como Ceará ou Pernambuco. Estes empregados faziam parte da estrutura postal oficial da época e eram transportadores da comunicação escrita, papel muito similar ao desempenhado por Paulo Bregaro no contexto que levou ao 7 de setembro. Entretanto, os “índios correios” não participaram somente de uma entrega eventual de uma carta considerada importante. Eles eram os responsáveis por manter a comunicação à distância cotidianamente.

Assim, no Bicentenário da Independência, os Correios buscam ressaltar outros indivíduos participantes da história postal, que nem sempre são lembrados em selos, mas que ganham cada vez mais espaço nos estudos históricos sobre o tema e, agora, ganham destaque também na área filatélica.

Sobre o selo

Esta emissão do conjunto do Bicentenário da Independência destaca a presença dos serviços de correios na entrega de correspondências, contendo notícias e informações acerca todo o cenário que se desenrolava. Na esquerda do selo está o desenho de um personagem com vestes coloniais, entregando um malote com envelopes; na porção direita, dois indígenas – seguindo o relato histórico que percorriam o caminho em duplas, se embrenhando pela mata. Logo acima do personagem que contrata o serviço de entrega está um desenho de uma construção com o nome Correios, aqui retratado de forma simbólica. A técnica usada foi ilustração manual com lápis de cor.

Foto: Divulgação

Com tiragem de 96 mil exemplares e valor do 1º porte carta nacional (R$ 2,35 cada), os selos estarão disponíveis, após o lançamento, para venda na loja virtual e, em breve, nas principais agências do País. 

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