Costureira conquista clientes e amigos no Alto da Serra
Rua Travessa Batista de Castro, nº 23, bairro Alto da Serra. O espaço é pequeno, mas o movimento é grande. Entra um cliente, sai o outro. Às vezes é preciso enfrentar pequenas filas. Uma conversa aqui, outra ali. Um leva uma bolsa para costurar. O outro uma sandália para trocar o solado, que escorrega, por um antiderrapante. Alguns não têm o número do código correspondente ao conserto. É preciso ligar para o dono da mochila, do calçado, para pedir a descrição do produto. A costureira Sueli Barcellos, de 54 anos, entra no circuito, troca umas (muitas) palavras, localiza o conserto e entrega sorridente ao cliente. De segunda a sexta-feira o processo se repete. Por si só o espaço conta a história de uma mulher simples e de muitos amigos.
Em uma conversa com a costureira, alguns detalhes chamam a atenção. Para começar os olhos verdes, tão expressivos que parecem a cor da água do mar. Eles transmitem transparência, muita alegria e sinceridade. Depois, destaca-se a simplicidade. “Nunca fui ambiciosa. Não tenho pretensão de sair de Petrópolis, nem de viajar. Gosto de estar aqui, trabalhar e, principalmente, tratar as pessoas bem”, revelou. O sonho dela era ver as filhas formadas no Ensino Superior e isso ela conseguiu realizar. Uma se formou em Administração e a outra em Direito.
Outra característica marcante é a quantidade de palavras por minuto que a costureira dispara e que a equipe da Tribuna tentou, mas não conseguiu mensurar. “Falo o dia inteiro. Se não aparece ninguém, fico até triste”, admitiu espontaneamente.
A amiga Penha Maria, de 73 anos, levou uma roupa para a costureira consertar e aproveitou para deixar um docinho. “Sempre trago alguma coisa”, disse. Enquanto Nely Aguiar, de 60 anos, acrescentou que Sueli é muito prestativa. “Nos conhecemos há mais de 30 anos e sempre mando trabalho para ela”, comentou. Durante os 30 minutos que a equipe ficou no local, mais umas quatro pessoas entraram e outras que passavam pela porta faziam questão de cumprimentar a Sueli.
Com o dinheiro que ganha com a costura, ela paga as despesas da lojinha, como aluguel e luz, mas ela revelou que já conseguiu comprar uma geladeira e um microondas, além de ter reformado a casa. Fora isso, ela revelou: “Não tenho grandes sonhos, mas gosto de trabalhar e do movimento”, revelou.
No perfil do Facebook, a cliente Isabel Gomide fez um depoimento no dia 3 de janeiro, que foi o que deu origem a esta matéria. Foram 152 curtidas, 24 comentários e 13 compartilhamentos e um texto que define bem a costureira: “Uma empreendedora, uma guerreira, uma mulher brasileira. Sueli Barcellos, sapateira da melhor espécie, conserta sapatos e bolsas super bem e atende com esse sorriso delicioso. Coisas de Petrópolis”. Um dos comentários foi da filha de Sueli, Vanessa Barcellos Souza agradeceu: “Isabel, gostaria de agradecer imensamente o carinho em divulgar o trabalho da minha mãe. Só Deus sabe o quanto ela trabalha e tudo o que passou para criar a mim e a minha irmã da forma fantástica como criou. Ela é uma guerreira e a luz que ela emite tem o poder de transformar o mundo. Obrigada de coração por todo carinho! Espero que a cada dia ela tenha mais e mais clientes especiais assim como você”.