Covid-19: Com índice de ocupação em leitos de UTI elevado, Petrópolis volta à bandeira vermelha

21/03/2021 14:40
Por Luana Motta

Nesta semana, o Mapa de Risco da covid-19 mostrou que Petrópolis está na bandeira vermelha de alto risco de contaminação da covid-19. Isso significa que, os índices de novos casos, internação e morte pela doença estão em uma média entre 70% e 85%, o que faz necessário a adoção de novas medidas de distanciamento social. A Prefeitura diz que só adotará lockdown com respaldo do Governo do Estado. Municípios vizinhos, como Teresópolis e Três Rios, estão na bandeira roxa, devido ao aumento dos indicadores de capacidade de atendimento hospitalar e epidemiológico nas últimas semanas e, com isso, voltaram a adotar medidas restritivas.

De acordo com a recomendação da Secretaria de Estado de Saúde (SES), na bandeira vermelha o município ou região deve adotar medidas mais severas de distanciamento social. Como a suspensão de atividades não essenciais, de acordo com a avaliação dos gestores e a definição de horários diferenciados nos setores econômicos para reduzir aglomeração nos sistemas de transporte público. A suspensão de atividades escolares presenciais e a proibição de qualquer evento que gere aglomeração, também conforme a avaliação dos gestores locais.

O município de Teresópolis prorrogou as medidas restritivas até o dia 05 de abril e voltou a adotar a circulação da população de acordo com o CPF; restringiu o horário de funcionamento de comércio e serviços; o acesso ao município é apenas para moradores ou proprietários de imóveis na cidade; entre outras. Já Três Rios, que também está com risco muito alto para covid-19, também foi decretado toque de recolher entre 23h e 5h; horário de funcionamento diferenciado para setores de comércio e serviços; e a proibição da permanência nas ruas que não seja para atividades essenciais.

Na bandeira vermelha, a recomendação da SES é que os municípios adotem:

  • Isolamento domiciliar e monitoramento dos casos suspeitos e confirmados;
  • Proteção de grupos vulneráveis – Distanciamento social, garantia de acesso às necessidades básicas e acessibilidade aos serviços de saúde;
  • Reforçar medidas contra a transmissão da COVID-19 nas unidades de saúde;
  • Distância física, higiene e limpeza – Redução de contato, reforço em higiene e etiqueta respiratória;
  • Comunicação de risco – Fortalecer os processos de comunicação interna (entre os órgãos e profissionais) e comunicação externa (com o público);
  • Evitar atividades que gerem aglomeração de pessoas;
  • Suspensão de atividades escolares presenciais;
  • Proibição de qualquer evento de aglomeração, conforme avaliação local;
  • Adoção de distanciamento social no ambiente de trabalho, conforme avaliação local;
  • Suspender as atividades econômicas não essenciais definidas pelo território, avaliando cada uma delas;
  • Definir horários diferenciados nos setores econômicos para reduzir aglomeração nos sistemas de transporte públicos.

O Mapa de Risco é um instrumento de monitoramento para a tomada de decisões no enfrentamento à pandemia no Estado do Rio. Mas o Governo do Estado esclarece que cabe aos gestores municipais adotar as medidas necessárias dentro de seu próprio cenário. Nesta semana, o governador em exercício Cláudio Castro prorrogou as medidas restritivas em todo o estado. Há oito cidades em bandeira roxa – risco muito alto e 42 cidades em bandeira vermelha – risco alto.

O prefeito interino Hingo Hammes prorrogou as medidas restritivas até está segunda-feira, dia 22. Mas ainda não sinalizou se haverá uma nova prorrogação, ou se serão adotadas medidas mais enérgicas. Nas redes sociais, novamente, voltaram os murmúrios sobre a adoção de um lockdown. Em uma ponta do cabo de guerra puxam os que são a favor de um fechamento total do comércio e serviços não essenciais por, pelo menos, 15 dias, e do outro lado há os que puxam contra, justificando os impactos na economia. A corda que vem sendo puxada nesse cabo de guerra é a saúde pública, que está à beira de um colapso, com carência de equipes médicas e leitos de internação.

MP quer que o município adote medidas mais restritivas para conter o avanço da covid-19

Nesta semana, o Ministério Público Federal e Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro cobraram da Prefeitura medidas mais restritivas para o avanço da covid-19. Na reunião que aconteceu na última quarta-feira (17), a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) disse que a possibilidade de um lockdown regional foi discutida com os prefeitos de municípios vizinhos, mas como o Governo Estadual garantiu que está providenciando mais leitos para pacientes com covid-19, a medida foi descartada. O secretário de saúde, Aloísio Barbosa, disse que só será adotado lockdown no município com o respaldo da SES. De acordo com o secretário, o lockdown só se mostra efetivo se feito por 21 dias, levando-se em consideração as fases de contágio e transmissão da doença.

Também na quarta-feira, foi realizada uma reunião entre Prefeitura e representantes do comércio, que se posicionaram contra a adoção do lockdown neste momento. De acordo com o Ministério Público, há a necessidade de medidas mais restritivas, em especial, quanto a atividades que geram aglomerações e que permitem a frequência sem máscara. E também destacaram a necessidade de medidas quanto à lotação dos ônibus no território, rodízio no funcionamento dos estabelecimento, dentro outros.

Após a sensação de controle da contaminação, Petrópolis volta para a bandeira vermelha

Desde o início da divulgação do monitoramento da Secretaria de Estado de Saúde no dia 08 de julho de 2020, Petrópolis só havia entrado na bandeira vermelha uma única vez, no levantamento apurado em 23 de dezembro. Nos últimos sete meses, o município vinha se mantendo na bandeira amarela de baixo risco de contaminação. Assim como em várias cidades no estado do Rio e no Brasil, em que governos municipais afrouxaram as medidas de restrição, em Petrópolis, não foi diferente, e a população também relaxou.

No levantamento feito pela Tribuna, mostra que em julho, quando o município estava na bandeira laranja – risco moderado – a taxa de internação em leitos de UTI covid-19 do SUS, estava na média de 23%. A taxa se manteve baixa até outubro, quando município chegou a registrar apenas 16,16% de ocupação em leitos de UTI, no dia 19 de outubro. Nessa fase, o Mapa de Risco indicava que o município estava na bandeira amarela – baixo risco.

O resultado do relaxamento e das aglomerações durante o período eleitoral começou a ser visto em novembro, quando Petrópolis voltou para a bandeira laranja, com 68,75% dos leitos de UTI SUS ocupados. Em dezembro, os indicativos explodiram. A cidade chegou pela primeira vez à bandeira vermelha, após meses com a sensação de controle da contaminação, tínhamos 78,67% dos leitos ocupados. O índice do Mapa de risco leva em consideração também os indicativos do registro de casos confirmados e óbitos, mas, aqui, fizemos um recorte comparativo apenas do número de internações, de acordo com os dados disponibilizados nos boletins da SMS.

Já neste ano, Petrópolis havia conseguido baixar os índices. Chegou a 28,85% de ocupação dos leitos de UTI SUS, em 12 de fevereiro, quando o Mapa de Risco classificava a cidade na bandeira amarela. Mas, não durou muito. A partir da semana de 17 de fevereiro, os números começaram a subir:

  • Mapa de Risco em 17/02 – Bandeira Amarela – 39,36% (leitos de UTI SUS)
  • Mapa de Risco em 24/02 – Bandeira Amarela – 48,94% (leitos de UTI SUS)
  • Mapa de Risco em 04/03 – Bandeira Amarela – 69,23% (leitos de UTI SUS)
  • Mapa de Risco em 12/03 – Bandeira Amarela – 63,81% (leitos de UTI SUS)
  • Mapa de Risco em 18/03 – Bandeira Vermelha – 87,23% (leitos de UTI SUS)

Neste sábado(20), o Painel Covid-19 da SMS indicava a ocupação de 79,05% dos leitos de UTI SUS e 71,23% dos leitos clínicos SUS para pacientes com covid-19. Hospitais da rede privada também já alertaram sobre a elevação na taxa de ocupação. O presidente da Unimed Petrópolis, Rafael Gomes de Castro, divulgou um vídeo em que esclarece que o Hospital Unimed Petrópolis chegou a 100% de ocupação dos leitos de UTI covid-19. O Hospital SMH- Beneficência Portuguesa também informou que estava com todos os leitos de UTI covid-19 ocupados, durante a reunião com o Ministério Público na última quarta-feira.

Toda a rede pública e privada tem enfrentado dificuldade para a contratação de equipes médicas. A abertura de novos leitos já não se mostra tão fácil, já que, além da dificuldade estrutural, falta também profissionais. A Prefeitura informou à Tribuna, na última sexta-feira(19), que nos próximos dias vai abrir um cadastro para a contratação de médicos para suprir a demanda da rede municipal.

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