Crime e castigo

07/02/2017 11:35

Numa lista de pecados da espécie humana que bradam aos céus caberiam mais alguns. Esta é a situação do ensino no Brasil. A recorrente tensão entre inclusão e exclusão. Quando vemos uma parcela dessa juventude se levantar para ocupar as escolas como forma de luta, pelo direito de saber realmente e não para obter um diploma apenas. Eis o sinal de alerta: aleluia! Aflitivo mundo burocrático de hoje, quase nada se faz sem o tal canudo. Os estudantes por eles mesmos parecem querer virar a mesa. Hoje quando vemos os jovens ocupando as escolas e exigindo a participação concreta na reforma da LDB, bate na gente uma esperança. Ao se levantar contra esse estado de coisas, motivados e buscando organizar-se num movimento sério e consciente estão sim protagonizando uma ação política necessária como cidadão de sua geração. Não deveríamos nos omitir em apoiar estas ações, seja em beneficio do seu próprio futuro, do nosso futuro e das próximas gerações. Incluímos aqui o ensino básico e o ensino médio, não apenas os portadores de diploma de nível superior. Vamos lutar com coragem e determinação para que nossas crianças tenham uma educação infantil digna, que possam fazer a travessia para  o ensino fundamental com sua cabecinha preparada para assimilar  o currículo escolar (PNE).Vamos lutar pelo ensino médio de qualidade, pelo ensino integral onde os jovens possam ser acompanhados de perto por seus mestres e instrutores. Queremos a escola ampla contendo estudos dirigidos, com quadras polivalentes, que os estudantes desenvolvam plenamente seus potenciais. Queremos um profissionalizante técnico para a formação de nossos jovens, observem que já está tudo lá no ECA  Estatuto da Criança e do Adolescente- LEI 8069 art.53 .54  inc  iv vii. Faça-se cumprir a Constituição Federal/98 – art 205- 208 que a educação brasileira vise e garanta o pleno desenvolvimento da pessoa, o seu preparo para o exercício da cidadania e a qualificação para o trabalho. Muito se tem falado na mudança da lei que protege os menores de 18 anos, mas se não promovermos às crianças e adolescentes de hoje uma boa educação inclusiva, como poderemos superar os riscos de conviver com a tragédia da delinquência juvenil de amanhã. Educar hoje exige saberes muito distintos dos que tínhamos há 30 anos. Havemos de pensar com toda a seriedade antes de alterar as leis inadvertidamente. Devemos sim perguntar a nós mesmos o que temos feito e o que faremos para mudar a realidade de todos os jovens brasileiros para melhor. Cito Darcy Ribeiro o antropólogo, o educador, escritor e idealizador da Universidade de Brasilia: “Ultimamente, a coisa se tornou mais complexa porque as instituições tradicionais estão perdendo todo o seu poder de controle e de doutrina. A escola não ensina, a igreja não catequiza, os partidos não politizam. O que opera é um monstruoso sistema de comunicação de massa, impondo padrões e consumo inatingíveis e desejos inalcançáveis aprofundando mais a marginalidade dessas populações”. Caro leitor, haveremos de cuidar de nossas crianças dando a elas o que é de direito, este é o caminho, sem este esforço coletivo e na impossibilidade de construirmos e atravessarmos esta ponte estaremos contribuindo para que elas se tornem jovens infratores. Espero que o novo prefeito Bernado Rossi respeite a constituição no seu artigo 206: igualdade de condições para o acesso ao ensino, liberdade para aprender, pluralismo de ideias, gratuidade, valorização do profissional, gestão democrática e garantia do padrão de qualidade na formação de cidadãos íntegros.

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