Crônica do Ataualpa: Os riscos continuam

31/10/2021 12:51
Por Ataualpa Filho

A cada dia, certificamo-nos que o conceito de aldeia global criado pelo filósofo canadense Herbert Marshall McLuhan se consolida. O mundo “on-line” encontra-se mais tribalizado.  As informações correm pelos continentes em “tempo real”. E os reflexos também são imediatos. As oscilações, principalmente nas bolsas de valores, demonstram as consequências das ações políticas dos países que exercem grandes influências mundiais.

O aprimoramento da velocidade do acesso à internet se faz necessário pelo volume de informação que hoje circula até pela telefonia celular. Ninguém quer perder tempo. Ter o imediato acesso é o desejo da maioria que se encontra sedenta de informações, mesmo sem assimilar as que recebem. Ficar desconectado é motivo de aflição.

Há um mundo sem privacidade nas redes sociais. É preciso saber filtrar para separar bem o trigo do joio. Nem tudo que é jogado na rede tem autenticidade. Há uma avalanche tóxica, nociva que presta um desserviço social, que tenta atrair principalmente a população mais jovem. O senso crítico é imprescindível na seleção do que se deve acessar.

Mesmo com tanta informação, o processo de formação tem sido lento. A consolidação de uma consciência de aprendizagem não ocorre na mesma velocidade do processo da transmissão do conhecimento. Há muitas pessoas antenadas, bem conectadas, mas que ainda não colocaram em prática o conhecimento a que teve acesso. E, apesar de todo avanço tecnológico e científico deste século, o mundo foi surpreendido por uma pandemia que agora, como o processo de vacinação, já começa a ter certo controle. O fato é que essa situação pandêmica ratificaa importância de algo tão primário: a higiene.

Embora grande parte da população mundial já esteja vacinada, ainda estamos vulneráveis, não podemos relaxar nas medidas preventivas. O vírus continua letal. Os números de óbitos provocados pela Covid-19 continuam altos.

É claro que a vida tem que voltar ao normal. Porém não podemos ignorar os casos de contaminação, pois não param de acontecer. A vida em sociedade requer essa preocupação com o outro. Só no Brasil, já foram contabilizadas mais de 600 mil mortes. A banalização pode trazer consequências drásticas

Quando o poeta John Donne afirmou que “nenhum homem é uma ilha, isolado em si mesmo”, externou a ideia de que todos fazem parte de um continente. Somos parte de um todo. Ele disse: “a morte de qualquer homem me diminui, porque sou parte do gênero humano.” Quando se tem essa consciência, cresce a preocupação com quem está ao nosso lado.  Nesta pandemia, cada notícia de falecimento é uma tristeza profunda. Os riscos continuam…

         O retorno à normalidade requer cuidados, uma vez que o novo coronavírus sofre mutações durante o processo de transmissão. E as variantes também são letais. Por essa razão, os cuidados precisam ser mantidos. O relaxamento no uso das máscaras, as aglomerações, a falta de higiene podem retardar essa tão esperada volta à rotina sem o medo da contaminação.

A vida precisa ser colocada emprimeiro plano. A ciência provou a sua eficiência. A vacina foi produzida em tempo recorde, apesar da resistência dos negacionistas. É visível a importância da obediência às orientações médicas. Não podemos mais perder vidas prematuramente. Não se trata apenas de uma questão afetiva, mas da consciência diante da responsabilidade social. Ações irresponsáveis comprometem a saúde pública. As lições precisam ser assimiladas. Temos que agir pensando no bem-comum.

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