Da Flórida até Petrópolis, petropolitano percorre 18 mil km de moto

20/03/2019 15:26

Você já imaginou ter 64 anos e decidir percorrer três continentes – 18 mil quilômetros – com uma motocicleta fabricada em 1993, completamente sozinho, sem mesmo uma equipe de apoio? É o que o petropolitano Ricardo Lyra fez. Ele encerrou nessa terça-feira (19) a maior de suas aventuras sobre duas rodas, uma façanha que durou 70 dias,num dos maiores desafios registrados na história do motociclismo brasileiro.

Veja também : Lei que regulamenta o mountain bike em parques pode beneficiar o esporte em Petrópolis

A aventura terminou na Motomundi, na rua Coronel Veiga, em uma chegada triunfal com direito a choro, beijo no chão e muitos abraços. A aventura teve início no final do ano passado, na Flórida, Estados Unidos, sobre a Yamaha GTS 1000, de 26 anos, em um teste de fogo que poucos brasileiros ousariam desafiar. Nessa terça-feira (19) pela manhã Ricardo deixou a cidade de Barbacena, penúltima etapa do trajeto, acompanhado por amigos.

Seriam necessárias muitas páginas de jornais para descrever tudo aquilo que Ricardo viveu durante os aproximadamente três meses que passou na estrada, passando por lugares paradisíacos nos Estados Unidos, México, Panamá, Guatemala, Peru, Equador, Colômbia até finalmente chegar ao Brasil, através do estado do Acre. Ricardo Lyra enfrentou milhares de quilômetros com uma determinação que faria qualquer jovem morrer de inveja. Afinal, quem poderia duvidar de um homem que conhece como poucos os segredos da motocicleta?

Visivelmente cansado e com alguns quilos a menos, Ricardo foi saudado por familiares e amigos que fizeram uma enorme festa na Motomundi. Apesar da voz embargada, Lyra falou com exclusividade à Tribuna sobre os momentos que viveu durante o percurso até a chegada em solo brasileiro. Segundo ele, algumas coisas chamaram a atenção, como por exemplo o alto número de células fotoelétricas utilizadas pelos países  centro-americanos, a quase ausência de chuva durante todo o caminho e o fato de não ter visto sequer um acidente de moto – o primeiro que testemunhou foi ontem, quando chegava próximo ao destino, na rua Coronel Veiga. 

Houve momentos complicados enfrentados pelo veterano aventureiro petropolitano. Quando estava na cidade de Marizoni, no Peru, situada a 3.800 metros acima do mar e cravada na Cordilheira dos Andes, passou mal pela pouca disponibilidade de oxigênio; no México, por exemplo, ficou 10 dias sem gasolina, algo que até não foi tão prejudicial, já que durante esse tempo pôde esperar pelo fim das enchentes no Acre. Entre esses e outros percalços, Ricardo Lyra encarou a dura solidão, pois a única companhia era a sua motocicleta.

Ao ser indagado sobre o que mudou na sua vida, Ricardo foi enfático ao afirmar que sua fé em Deus aumentou e muito. E mandou uma mensagem para os jovens, indicando que sua aventura serve de inspiração para novas gerações. “Olha, o que tenho a dizer para os jovens é para fazer tudo que desejam na vida, pois ela é curta. E aproveitem enquanto são jovens, porque quando se envelhece tudo fica mais difícil”, declarou, emocionado. Ele estuda a possibilidade de escrever um livro, descrevendo com detalhes tudo que passou durante os dias na estrada desde a saída da residência do amigo Guido Salvini Neto, na Flórida. 

Entre os amigos que estavam na Motomundi para testemunhar o fim da epopeia sob duas rodas, o ex-piloto Carlos Salvini marcou presença. Carlos foi, inclusive, um dos que o acompanhou de Minas Gerais até Petrópolis. “Eu já fiz muitas coisas na minha vida. Rally dos Sertões, corridas das mais variadas, mas essa aventura do Ricardo Lyra merece um destaque e tanto”, disse. Vale destacar que Guido Salvini e seus familiares deram um forte abraço em Ricardo antes do início da aventura. Guido era piloto da equipe de motocross Ipiranga no final da década de 80, quando Lyra era o responsável técnico das motos e um “guru” do time, que contava ainda com Caíque Salvini e Jorge Negretti.     

Últimas