Dando a volta por cima: da depressão ao sucesso como vendedora no mercado erótico

24/07/2020 11:43

Quando a professora de Letras, Brenda Barbosa da Silva, de 23 anos, descobriu a síndrome de Gilles (que envolve movimentos repetitivos incontroláveis ou sons indesejados como os tiques) veio junto a depressão e a ansiedade. A doença fez com que terminasse a faculdade às pressas e levou embora alguns sonhos. Mas quem pensa que ela se deixou vencer, se engano. Há um ano, deu a volta por cima: ergueu a cabeça e montou um negócio próprio. Superou os problemas e venceu. 

Hoje, a lugar de cena de Brenda não é a sala de aula, mas um sex shop, que, para ela, foi a chave para mudar a vida. É op que ela chama de sua “principal prioridade”. “Hoje, me sinto tão bem que, às vezes, me percebo um pouco soberba. Não consigo me imaginar na situação em que estive novamente. Lamento muito não ter conseguido aproveitar a faculdade como queria, mas, com todo o trabalho da minha terapeuta, eu entendo e aceito que era um período delicado, no qual agi da forma que era possível para a condição em que estava. Não acho que eu precisava passar por isso, pois, de certa forma, me atrasou muito, mas entendo que eu realmente não tinha o que fazer. Não foi minha culpa”, disse Brenda. “Percebi a depressão quando vi que não sentia mais vontade de fazer nada, eu só queria dormir. Muitas vezes pensei que estar morta seria melhor. Realmente achei que essa fase nunca passaria”, lembrou.

Ela conta que o tratamento medicamentoso e as terapias ajudaram a controlar a síndrome e vencer a depressão. “Os tiques que tenho são involuntários, normalmente no ombro e pescoço. No começo, eu sentia muita vergonha, pois todos perguntavam ou riam, mas, ao longo do tempo, o meu problema maior passou a ser as dores musculares. Não existe um remédio específico para a síndrome, então meu psiquiatra e neurologista tentavam sempre remédios alternativos, como retardantes, ansiolíticos e, até mesmo, antipsicóticos, o que me fazia ter muitos efeitos colaterais, como por exemplo, dormir muito, das 22h as 16h. Também pensamos que esse foi um dos motivos para o começo da minha depressão”, disse.

Com a conclusão da faculdade e ainda sem dar aulas, Brenda se voltou para as vendas e escolheu o mercado erótico para dar a volta por cima. No início, os produtos eram oferecidos pela internet e, recentente, ele decidiu apostar uma loja física.. “Eu sempre trabalhei com vendas, desde que era mais nova. Porém, sempre pensei em ser professora. Então, para me dedicar à faculdade, parei com as vendas. Mas aí veio a depressão e os problemas psicológicos enquanto estava na faculdade. Então tudo mudou”, comentou. 

Brenda diz que construiu uma nova história e que agora se sente realizada. “Sempre achei o mercado erótico muito interessante, além de ser uma pessoa sem vergonha para falar e julgada muito engraçada por todos, então, pensei em ter algo diferente do que é visto em Petrópolis. Além disso, o contato e a intimidade com as minhas clientes me motivam muito, elas sempre me dão presentes, escrevem textos lindos, isso me faz sentir que finalmente achei meu lugar. Me sinto 100% realizada”, concluiu Brenda.

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