Daqui há 15 anos Petrópolis terá mais idosos que crianças e adolescentes

Eles já passaram dos 60 anos e daqui há menos de duas décadas estarão em maior número do que crianças e adolescentes. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que estimou que em 15 anos, a população de idosos em Petrópolis será maior que a de zero a 19 anos. Atualmente a cidade conta com 42.865 idosos, o que corresponde 14.42% da população. 

A inversão da pirâmide etária é um movimento que vem acontecendo em todo o país. Para especialistas, a tendência, em poucos anos, é que a população idosa seja bem maior do que as de crianças, adolescentes e jovens. "Isso implica na economia do país, dos estados e dos municípios. A previdência é que mais sofre. Em países como Portugal e Japão, por exemplo, foram tomadas medidas para evitar um colapso nas contas da previdência. O Brasil também precisa tomar as suas providências", alertou o consultor de gestão de negócios João Carlos Ferreira da Silva.

Para o consultor é preciso planejamento tanto dos setores público quanto privado. Além disso, o planejamento também deve acontecer dentro de casa. "O pensamento dos governantes tem que ser: eu quero que a minha cidade esteja preparada para os idosos? O que pode ser feito agora para daqui há 10, 15 anos essas pessoas terem qualidade de vida? O mesmo deve ser feito por cada um: como eu quero estar daqui há 15 anos? E a partir daí começar a planejar", disse.

O consultor ressalta que é preciso ter um olhar para o futuro. "Nossas calçadas não são adequadas para uma pessoa idosa com dificuldade de locomoção, os semáforos não são cronometrados para que eles consigam atravessar a rua com segurança, esses são apenas alguns dos exemplos", destacou. 

Para a assistente social Alessandra Fernandes, que atua no Lar São João de Deus, em Itaipava, é preciso ter um olhar multidisciplinar com o idoso. "A gente costuma viver muito o hoje e não se preparar para o futuro e quando ele chega é preciso atendimento especial, manter a mente ocupada, se exercitar, ter boa alimentação", disse.

Quem chegou a melhor idade confessa não ter se preparado para a vida depois dos 60 anos. As pernas e os braços já não tem mais aquela força da juventude, os olhos e os ouvidos às vezes falham e é preciso uma ajudinha para ver TV ou ler um livro. Apesar das dificuldades, eles têm muito amor pela vida, ainda querem produzir e não desistem de viver.

O professor e advogado Paulo Machado Costa e Silva que completou há poucos dias 100 anos é um exemplo de amor a vida. A leitura ainda é uma companheira, apesar dos olhos não ajudarem, e as lembranças dos tempos de juventude ajudam a passar os dias. "Fui casado por 54 anos e vou confessar que sinto falta até das nossas brigas", disse sorrindo.

Para chegar aos 100 anos Paulo Machado atribuiu ao trabalho. "Foram 30 anos lecionando e 37 anos dedicados a vida pública como assessor jurídico da Câmara. Trabalhei muito na minha vida", contou. "A vida é formada de acontecimentos e enquanto Deus permitir estarei aqui, vivendo", concluiu.

Passar dos 60 anos ainda é um privilégio e quando somos jovens não imaginamos como será nossa vida quando formos sexagenários. É o caso de Terezinha Antônio Martinho Rabelo, de 88 anos. Há quatro ela vive no Lar São João de Deus e revela que nunca imaginou viver tanto. "A gente não pensa nisso. Mas me sinto bem, sou feliz", disse. Para ela, o amor e pensar sempre em coisas boas é o segredo para uma vida longa. "Meu marido, com quem fui casada por 63 anos, todos os dias, assim que acordava, antes de fazer qualquer coisa, ia no jardim da nossa casa, pegava uma flor e me acordava", contou.

A idosa Elisabete Sixel também diz não acreditar que chegou aos 91 anos. "Não acredito que tenho essa idade. E vou dizer, se não fosse o problema da minha perna que me dificulta caminhar, estaria me sentindo perfeita", destacou. Elisabete participa toda semana do curso de artesanato com material reciclável. Ela conta que é preciso sempre aprender coisas novas. "Manter a mente ocupada, sempre", concluiu.

Algumas atividades no Lar São João de Deus são abertas ao público externo. Elas acontecem de segunda a sexta-feira, de 8h30 as 11h30 para pessoas acima de 50 anos. A programação é gratuita e incluiu Tai Chi Chuan, aulas de informática e artesanato, oficinas de memória e educação física. O lar fica localizado na Estrada União e Indústria, em Itaipava. Os interessados podem buscar informações pelo telefone 2222-2657.