Datafolha: aliados de Nunes veem efeito do horário eleitoral e Marçal enxerga ‘linha positiva’

05/set 20:40
Por Pedro Augusto Figueiredo e Zeca Ferreira / Estadão

Integrantes da campanha do prefeito Ricardo Nunes (MDB) atribuíram ao início da propaganda eleitoral no rádio e na televisão e à intensificação da campanha de rua a oscilação positiva do emedebista na pesquisa Datafolha publicada nesta quinta-feira, 5. Nunes registrou 22% das intenções de voto, três pontos percentuais a mais do que a rodada anterior do levantamento, realizada há duas semanas. A variação ocorreu no limite da margem de erro.

A alta do prefeito levou a um empate numérico com Pablo Marçal (PRTB), com quem Nunes disputa o eleitorado de direita e bolsonarista. O influenciador, que havia crescido sete pontos há duas semanas, agora oscilou um ponto porcentual para cima, de 21% para 22%. “O Marçal manteve uma linha positiva”, disse o vereador Rubinho Nunes (União), ex-aliado do prefeito e agora conselheiro do candidato do PRTB.

A campanha de Guilherme Boulos (PSOL) enxerga a situação de maneira oposta. “O ritmo de crescimento de Pablo Marçal teve desaceleração expressiva. As intenções de voto nele oscilaram apenas um ponto porcentual para cima nos últimos 14 dias, enquanto sua rejeição cresceu 4 pontos”, disse a coordenação do psolista, em nota que comemorou ter passado de 17% para 19% das intenções de voto na pesquisa espontânea. “Isso mostra que temos voto consolidado e resiliência”, afirmaram os coordenadores.

O Datafolha aponta que do ponto de vista técnico não houve alteração no cenário colocado já que ninguém variou fora da margem de erro e houve manutenção do empate triplo entre Nunes, Marçal e Boulos, que continuou com 23% na pesquisa estimulada.

Nunes tem mais de 60% de tempo do horário eleitoral gratuito, enquanto Marçal não tem participações no rádio e na TV porque o PRTB não superou a cláusula de barreira. A avaliação de um secretário de Nunes é que a Datafolha anterior refletiu uma fase da campanha marcada pela influência das redes sociais, onde Marçal é dominante, mas que agora há outros meios do debate eleitoral chegar ao público.

“A televisão e o rádio são importantes. Nós estamos de caminho certo de falar da gestão e da cidade’, disse Baleia Rossi, presidente do MDB. Outros integrantes do partido afirmam que o resultado do Datafolha já era esperado pois a melhora de Nunes havia sido identificada em levantamentos internos.

O prefeito tem utilizado inserções nos últimos dias para pedir que os eleitores pesquisem no Google informações sobre uma condenação de Marçal em 2010 por participar de uma quadrilha que aplicava golpes bancários – a condenação prescreveu em 2018.

O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) também foi ao rádio e à televisão pedir votos para Nunes e dizer que Marçal é a “porta de entrada” da esquerda para a Prefeitura de São Paulo. Ele faz menção a pesquisas eleitorais que indicam que o ex-coach perderia para Boulos no segundo turno, enquanto o prefeito venceria o psolista.

“Em todos os cenários sou eu que ganho com tranquilidade da esquerda”, disse Nunes ao comentar o resultado da pesquisa nesta quinta-feira.

A estratégia de criticar o ex-coach parece ter dado resultado. Marçal, que tem sido atacado por todos os outros principais concorrentes, viu sua rejeição subir de 34% para 38%. A de Nunes caiu de 25% para 21%.

Rubinho Nunes, aliado do influenciador, compara a situação do candidato do PRTB com a eleição de Joao Doria em 2016 para justificar o otimismo que Marçal vencerá ainda no primeiro turno assim como o ex-tucano. Naquela eleição, Doria tinha 16% no Datafolha no dia 9 de setembro, empatado tecnicamente em segundo lugar com Marta Suplicy, então no MDB, com 21%. Celso Russomano liderava com 26%.

“O Marçal, mesmo que a gente considere esse empate, está na mesma proporção de primeiro turno do Doria. A linha é de crescimento”, diz Rubinho.

Outro ponto mostrado pelo Datafolha é que Tabata Amaral (PSB) ultrapassou numericamente José Luiz Datena (PSDB), que recusou convite para ser o vice dela e decidiu lançar voo próprio. A candidata do PSB oscilou de 8% para 9%, enquanto o apresentador de TV, que chegou a ter 14% antes do início da campanha, registrou 10% na rodada anterior e agora tem 7%.

“Ruim, claro”, disse Datena ao Estadão sobre a pesquisa. Coordenador político de Tabata, Orlando Faria avalia que a pesquisa consolida a candidatura dela. “A gente está conseguindo chegar no eleitorado e isso está se refletindo nas pesquisas”, disse ele.

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