Davos debate economia verde e Amazônia

28/01/2021 13:10
Por Estadão Conteúdo

Ainda que a covid-19 tenha chacoalhado o mundo para os impactos ambientais e a importância de um novo recomeço, uma economia verde depende da atuação em conjunto dos setores privado e público. A mensagem esteve no centro dos debates do terceiro dia do Fórum Econômico Mundial de Davos, que acontece no formato virtual por conta da pandemia.

No Brasil, não é diferente. A despeito de o governo Bolsonaro ser questionado mundo afora pela ausência de políticas em prol do meio ambiente, o trabalho conjunto do setor privado e público também é visto como a saída para proteger a Amazônia.

O coro foi puxado pelo vice-presidente da República, Hamilton Mourão, que assumiu o posto de interlocutor ambiental em uma atuação defensiva do governo para combater o puxão de orelha internacional quando o assunto é Amazônia. “Está claro para nós que, sem parceiros públicos e privados, não seremos capazes de atingir nossa meta principal de preservar a região”, disse ele, durante o painel Financiando a transição da Amazônia para uma bioeconomia sustentável.

Em meio a críticas de investidores e líderes internacionais, Mourão, que é presidente do Conselho da Amazônia, aproveitou a plateia global de Davos para cobrar apoio externo. Anualmente, o fórum reúne a elite econômica e política global, nos Alpes Suíços. Mourão participou da versão virtual do encontro, representando o presidente Jair Bolsonaro, e disse que os investimentos internacionais são fundamentais para iniciativas prosperarem na Amazônia.

“Estamos olhando soluções tecnológicas para transformar a região e é crucial facilitar os fluxos financeiros para os locais”, disse o vice-presidente.

Na esteira da fala de Mourão, o presidente da Natura &Co, Roberto Marques, também defendeu a atuação combinada entre empresas e governos como um passo crucial. A empresa atua na Amazônia há mais de 20 anos em conjunto com comunidades locais, preservando a região. “Imaginem se mais empresas e setores tivessem o mesmo olhar e proximidade com a região”, questionou Marques.

“Nós precisamos do setor público e privado trabalhando juntos. É crucial que companhias e governos sejam capazes de atuar em conjunto para alcançar objetivos como emissões líquidas zero de gases de efeito estufa”, disse ele, em painel, realizado nesta tarde.

O alerta foi do cosmético à moda. O presidente da grife italiana Gucci, Marco Bizzarri, afirmou que a pandemia reforçou essa necessidade. “Precisamos trabalhar juntos”, enfatizou, referindo-se a empresas e governos.

Amazônia

Para o presidente da Colômbia, Ivan Duque, é necessária maior participação do setor privado para o desenvolvimento da Região Amazônica. Presente no mesmo painel de Mourão, ele evidenciou a necessidade de incorporar comunidades locais nas atividades de prosperidade e também novas tecnologias para proteção da área. “A Amazônia é um dos maiores tesouros do mundo e temos de compartilhá-lo… Temos de mostrar para o mundo que a Amazônia tem valor.”

A boa notícia, para o comissário para o Ambiente, Oceanos e Pescas da, Comissão Europeia, Virginijus Sinkevicius, é que já há uma mudança em curso com o engajamento de grandes companhias para a construção de uma economia verde. “Os negócios são parte da solução. O setor corporativo é essencial. Suas decisões podem ajudar em uma recuperação verde”

Em um painel com foco na transformação de sistemas alimentares, o cientista, ambientalista e administrador do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, Achim Steiner, alertou para o desperdício no setor enquanto o mundo ainda luta para erradicar a fome. “Muitas pessoas não têm sequer comida suficiente”, enfatizou.

“Não podemos conceber um sistema que perde de 30% a 40% de tudo o que produz. Isso é uma tragédia. É uma tragédia ecológica e algo que deve motivar todos a mudar”, disse Steiner. Ele participou da mesma sessão virtual que contou com a ministra da Agricultura do Brasil, Tereza Cristina, que focou sua fala em inovação e tecnologia no setor de agronegócio.

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