De Caxangá a Petrópolis

26/08/2017 11:15

Nada melhor do que numa tarde de sábado, especialmente durante o inverno chuvoso, manter a nosso lado um bom livro e “devorar” suas páginas numa leitura de caráter instrutivo e esclarecedor, em especial com relação a fatos históricos por nós desconhecidos.

Assim é que, de posse da obra “Ecos da Segunda Guerra Mundial”, pudemos aprender acerca de um período negro pelo qual atravessou a humanidade, através de artigos formulados pelo autor e relacionados, justamente, com o “desastre” que envolveu importantes países durante aquele período.

Tivemos acesso à referida obra manipulando livros que pertenceram a meu pai, sendo que o autor desta magnífica obra não é nada mais, nada menos, do que o ilustre pernambucano, que acabou por se radicar em nossa terra, o Dr. Octávio Leopoldino Cavalcanti de Moraes.

Muitos dos leitores, certamente, não o conheceram, todavia, nós outros, tivemos o ensejo, não de privar de sua amizade, já que ainda éramos muito jovens, mas de admirar sua respeitável figura, quando na companhia de meu pai, se encontravam para conversações diversas, é claro que, muitas delas, versando sobre Petrópolis, cidade a que ambos muito amaram.

O autor da obra que fez publicar é detalhista e preciso ao descrever os fatos mais marcantes que ocorreram durante o conflito, relacionando-os através de artigos publicados no seminário “A Paz”, de Nova Friburgo, no período compreendido entre janeiro de mil novecentos e quarenta e dois a maio de quarenta e quatro e na Tribuna de Petrópolis, de vinte e seis de fevereiro de mil novecentos e quarenta e cinco a vinte e nove de agosto do mesmo ano.

Alcindo Pedrosa, grande amigo e conterrâneo do autor, que prefaciou a obra em questão, destaca que “…Octávio não poderia escolher mais palpitantes assuntos que os relacionados com a horrenda catástrofe que envolveu as maiores e mais importantes potências do mundo…” e pondera, ainda, por outro lado, que “… portanto, é de valor inestimável esta grande obra…”.

Na condição de leitores, nos chamou a atenção, o artigo publicado em três de maio de mil novecentos e quarenta e cinco, sob o título “O Fim dos Tiranos”, quando o autor, já àquela época, nos faz conduzir à atualidade ao comentar, com relação a Hitler e Mussolini, enfatizando que “…esses monstros, afinal, já deixaram de existir. A guerra, no sentido militar, também, não mais existe. Vamos, pois, lutar, confiantes em que a triste e dolorosa experiência, que tanto nos martirizou, abra bem os olhos, para que novos fanáticos, que poderão ressurgir, não possam repetir a tremenda tragédia que convulsionou o mundo”.

E ao que tudo leva a crer, esses “novos fanáticos”, realmente, estão ressurgindo nas figuras do Presidente dos Estados Unidos e do tresloucado ditador da Coréia do Norte, personalidades perigosas e inconsequentes, o último pronto para ordenar o disparo de um míssil contra americanos ou japoneses, ou mesmo, contra “os irmãos” da Coréia do Sul, situação que poderá, certamente, gerar um conflito mundial e, até mesmo, a matança de milhares de pessoas.

O Dr. Octávio, já aquela época, enxergara o futuro que nos esperava!

Mas, finalmente, quem foi o Dr. Octávio de Moraes? Pernambucano, nascido em vinte e três de fevereiro de mil e novecentos, na cidade de Caxangá, que legou exaustiva folha de serviços prestados à cidade de Petrópolis, onde chefiou a Agência Especial dos Correios e Telégrafos, destacando-se, outrossim, como brilhante jornalista tendo pertencido à Academia Petropolitana de Letras.

Dedicou-se, com brilho e competência, à advocacia, em particular, a causas trabalhistas e, após, com maior atuação, àquelas da área criminal.

Como jornalista, escreveu nos jornais da cidade, como Tribuna de Petrópolis, Diário do Povo e Jornal de Petrópolis, especialmente crônicas.

A leitura de “Ecos da Segunda Guerra Mundial” bem demonstra quem foi o cidadão, o patriota, Dr. Octávio de Moraes, cuja memória será sempre reverenciada pelos petropolitanos.

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