De garimpeiras a microempreendedoras: bazar e brechós são fonte de renda na cidade

15/04/2018 08:00

A moda do desapego está cada vez mais popular. O que antes era um troca-troca de roupas e objetos entre amigos e conhecidos se transformou em negócio. Garimpeiras de carteirinha aproveitam a oportunidade para fazer do gosto pessoal um microempreendimento. 

Basta uma voltinha pelo feed do instagram para encontrar vários perfis oferecendo peças usadas, novas e seminovas. Geralmente são roupas de marcas famosas, ou retrô, que acompanham o retorno da moda dos anos 90’s. A maioria das pessoas que as oferecem são de outros estados, como São Paulo e Curitiba, mas basta um pouco mais de atenção para perceber que aqui mesmo, em Petrópolis, quem gosta de roupas de qualidade por um bom preço não precisa pagar frete por isso. Além dos tradicionais bazares que acontecem no Centro, um novo perfil de bazar, vem conquistando espaço e, principalmente, o gosto popular. 

“Antigamente as pessoas tinham muito preconceito com bazar e acho que isso hoje está diminuindo. A procura era maior por brechós, por terem peças novas, mas agora, até mesmo por causa da crise, muita gente procura roupas por um preço mais em conta, e encontra isso no bazar”, contou Fernanda Aimee, uma das proprietárias do Bazar Itinerante.

Em outubro do ano passado, depois de uma garimpada no próprio guarda-roupas, Fernanda percebeu que tinha muitas peças que não usava mais, estavam em bom estado e que poderiam ser vendidas. Ela conta que, na época, sua mãe, a professora Patrícia Moreira, tinha acabado de deixar uma das escolas na qual dava aulas e, com isso, as duas viram na iniciativa uma forma de conseguir uma renda extra. 

No primeiro dia, as duas colocaram as sacolas no carro e pararam em uma rua em Cascatinha. A mala do carro se transformou em vitrine e lojinha. O sucesso foi tanto que acabou virando o Bazar Itinerante. De duas a três vezes por semana elas vão a bairros da cidade para oferecer as peças. Os locais costumam ser sugeridos pelas próprias clientes, através das redes sociais. Com quase 500 seguidores no instagram, a lojinha atende pessoas em Petrópolis e no Rio de Janeiro. As peças têm preços que variam de R$ 5 a R$ 40 e são de moda feminina, do acervo pessoal das duas e de amigos.  

Além de garantir roupas de qualidade por uma pechincha, a febre dos bazares tem ajudado a estimular hábitos de consumo consciente – nada mais é do que repensar a forma como são consumidos os produtos e o impacto que isso gera no meio ambiente. Aderir aos bazares é, sim, uma forma de consumo sustentável. 

“Selecionamos peças vintage, principalmente, dos anos 90’s. As pessoas têm procurado roupas com referências dessa época, mas acabam usando peças que estão sendo produzidas agora. Enquanto peças boas, em muito bom estado, e com preço muito melhor, são encontradas em bazar”, contou Camila Leal, uma das proprietárias do Bazar 702.

Nessa pegada vintage, Camila e Natália Moreira, garimpeiras assumidas, visitam bazares de todo estado e até fora do país atrás de peças retrô para compor o acervo da lojinha, mantida na casa da Camila. As jovens firmaram parceria em 2017, e desde então fazem eventos para promover o empreendimento e a moda sustentável.  

Além do espaço físico, possui conta no instagram e no facebook, que são os principais meios de divulgação e venda das peças. A média de preços fica entre R$ 30 e R$ 35. São peças femininas, algumas masculinas e acessórios. 

Para as jovens, além de estimular o consumo consciente, as compras em bazares e brechós envolvem um valor emocional e, principalmente, histórico das peças. “Às vezes encontramos roupas que parecem que foram feitas sob medida para as pessoas. Não tem nem etiqueta. É legal pensar que talvez aquela camisa, aquela calça, tinha um valor emocional para o antigo dono. Pensar na história dela até chegar na gente”, completou Camila.

Brechós são oportunidade para revenda de peças novas e modelos exclusivos

No bazar é mais comum encontrar peças usadas e, normalmente, quem deseja encontrar por peças novas, ou com pouco uso acaba procurando nos brechós. A Nilzete Araújo, massoterapeuta, aproveitou um talento que herdou de família para investir no ramo dos brechós. Aprendeu com a avó a costurar vestidos de festa e, hoje, mantém uma lojinha com peças que ela mesmo confecciona.

O Brechó Delas funciona em um salão de beleza onde Nilzete trabalha como massoterapeuta, o que segundo ela, acaba sendo uma ótima oportunidade para as vendas. “As clientes vêm fazer unha, cabelo e acabam visitando o brechó. Além das roupas de festas, tem modelos casuais e roupas que faço por encomenda. Essa foi uma forma que encontrei de unir as duas coisas que amo: a massoterapia e a costura”, disse.

Para Nilzete as pessoas não têm mais tanto preconceito em adquirir roupas usadas como tinham antigamente. E no brechó, como as peças são novas e confeccionadas por ela, dão exclusividade e um valor especial a elas. “As pessoas estão mais desapegadas as coisas, estão vendendo e trocando com mais facilidade. Pessoas de todas as classes compram em brechó e bazares, procuram mais pela exclusividade e preço”, disse.

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