Debate: com Lula líder, Haddad fica mais à vontade com padrinho do que Tarcísio
O debate morno entre candidatos ao governo paulista trouxe pouca novidade para o eleitor que pretendia definir seu voto – e que conseguiu ficar acordado até o início da madrugada desta quarta-feira, 28. A diferença desta vez é que, no repeteco da dobradinha entre Fernando Haddad (PT) e Tarcísio de Freitas (Republicanos) para isolar Rodrigo Garcia (PSDB), o petista pareceu mais à vontade com seu padrinho político do que o candidato de Jair Bolsonaro (PL).
Repetidamente, Tarcísio teve de se justificar sobre o governo Bolsonaro, reprovado por 44% da população. Se ele precisou ficar na defesa, Haddad, que costuma ter que se explicar sobre corrupção nos governos petistas e posicionamentos de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), aproveitou melhor a associação de seu nome a um candidato à presidência que pode ganhar a eleição no primeiro turno.
Ao governador Rodrigo Garcia (PSDB), que disputa com Tarcísio um lugar no segundo turno, coube brigar para entrar na briga e denunciar que o petista e o bolsonarista se beneficiam da polarização nacional. Mas ele não foi chamado por seus principais adversários para responder perguntas nos primeiros blocos, que costumam ter mais audiência.
Haddad também tenta usar uma narrativa que até agora foi de Garcia: a de que São Paulo perde com a briga entre governos federais e estaduais. Ao dizer que com Lula isso não acontecia, mesmo com tucanos no Bandeirantes, ele aponta o dedo para o padrinho que o atual governador tenta esconder, João Doria (PSDB), e para Bolsonaro ao mesmo tempo.
Também é mais fácil para Haddad acenar com a perspectiva de alinhamento com o governo federal do que para Tarcísio. A cristalização das pesquisas nacionais com Lula na dianteira faz com que a promessa de Tarcísio de fazer uma dobradinha com Bolsonaro no Planalto, para beneficiar São Paulo, pareça distante demais.
O debate ilustrou bem os movimentos que os três candidatos farão daqui até domingo. Garcia tenta crescer. Tarcísio, apesar de uma frustração na campanha de Bolsonaro, precisa se manter. E Haddad surfa no que espera ser uma onda pró-Lula no primeiro turno.