Delegacias da cidade estão com serviços reduzidos por falta de infraestrutura
As 106ª e 105ª delegacias policiais de Petrópolis estão funcionando de forma restritiva desde ontem. Estima-se que cerca de 60% dos serviços oferecidos normalmente não estejam sendo realizados. Isso porque devido aos cortes feitos pelo Governo do Estado, serviços essenciais como a impressão das ocorrências não estão podendo ser feitos nas delegacias devido à falta de impressoras e toner. Além disso, funcionários terceirizados, responsáveis pela limpeza das unidades e pelo trabalho na recepção, estão em greve. As horas extras dos policiais também não são pagas desde dezembro do ano passado,fazendo com que cerca de 20%de policiais “extras” deixem de circular na cidade.A partir de agora apenas ocorrências graves, como prisões em flagrante, tentativas de homicídio e crimes do gênero,serão registradas nas unidades.Por isso, com o objetivo de evitar transtornos para a população,a orientação por parte dos delegados titulares da 105ª DP,Alexandre Ziehe, e da 106ª DP,Ney Loureiro, é que os demais boletins de ocorrência, como perda e furto, por exemplo,sejam realizados pela internet,através do site www.policiacivil.rj.gov.br. De acordo com o delegado Alexandre Ziehe, na última quinta-feira a última impressora do local não funcionou. “O equipamento estava apresentando defeito e simplesmente não tínhamos como imprimir comunicados a juízes, autorização para remoção de cadáver ou uma guia de corpo de delito,por exemplo. Isso não pode acontecer! É importante que as pessoas saibam que não estamos em greve e sim sem ferramentas para fazer nosso trabalho. Ainda sim estamos atendendo dentro das nossas possibilidades. Masse esse quadro não mudar, a tendência é que a situação piore.Isso porque não temos peças para repor nas viaturas e fazer a manutenção básica desses carros, além de faltar tinta para as impressoras e também papel.Agora temos até limite de gasolina que pode ser usada, 20 litros por dia. Por essa razão, enviei uma carta a juízes, defensores e promotores de Petrópolis a fim de informar sobre o que vem ocorrendo”, afirmou.No texto, o delegado ressalta todas essas falhas e informa ainda que o cartão-alimentação dos presos está com “saldo zero”, desde a última semana.Ele ressaltou ainda: “não é possível a confecção de prisão em flagrante e comunicações e flagrantes em impressoras e nosso sistema não permite a conexão com aparelhos estranhos”. Na 106ª Delegacia de Polícia, em Itaipava, a situação não é diferente.Segundo o delegado Ney Loureiro, apenas 10% dos casos estão sendo atendidos. Das duas impressoras, uma está parada há três meses e a outra tem apenas 10% do toner. “Antes tínhamos um problema com folhas, mas acabávamos fazendo uma ‘vaquinha’ou recebendo papel de outras instituições, mas, agora,além delas tem a questão da impressora. Elas são locadas,mas como o estado não pagou a empresa, não há manutenção e nem reposição de toner. Além disso, como todo o sistema é interligado, nem se quisermos comprar uma impressora para colocar no lugar resolveria o problema, pois o sistema não reconheceria o equipamento”,explicou.O delegado ressaltou ainda que mesmo os casos mais simples podendo ser realizados deforma on-line muitos são prejudicados.“Atendemos muitas pessoas humildes e acabamos dando orientações aqui na DP,até mesmo para que elas saibam de que forma proceder. Outras nem sabem mexer na internet e agora não poderão fazer o boletim de ocorrência nas delegacias da cidade.Segundo Loureiro, a prioridade na 106ª DP também são os casos que envolvem roubos de veículos – pois sem o registro não há como considerar o carro roubado; acusações, já que é necessário que a pessoa assine quando aponta um culpado;mandados de prisão, pois é necessário emitir documentos para juízes; e lesão corporal.