Dengue, zika e chikungunya: o trabalho de prevenção começa dentro de casa

12/01/2020 12:14

Com a chegada do verão e, consequentemente, o aumento das temperaturas e das pancadas de chuva constantes, o município acende um sinal um alerta a respeito das doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti. Segundo a Secretaria Estadual de Saúde (SES), com o período favorável à reentrada do vírus da dengue, os municípios do estado precisam manter, sobretudo, a atenção dentro de casa para que a doença não se multiplique e não cause uma epidemia.

No ano passado, Petrópolis registrou 667 casos de doenças causadas pelo Aedes aegypti, sendo 39 de dengue, sete de zika vírus e 621 de chikungunya. Este número representou um aumento de mais de 3000%, já que em 2018 foram apenas 20 casos – oito de dengue, dois de zika e dez de chikungunya – segundo a Prefeitura. No ano passado, em todo o estado, foram 32.514 casos de dengue, 1.556 de zika e 86.187 de chikungunya, sendo 64 com mortes.

Ao longo do ano passado, os moradores contaram que os agentes de saúde da cidade realizaram nos bairros ações de conscientização sobre prevenção da doença. A ação incluiu instruções sobre como seguir as regras básicas, como não deixar água parada nos pratinhos de plantas, não deixar lixo acumulado, etc. Nestes casos, sempre que chove a água, por mínimo empoçada que fique, é o lugar perfeito para que os focos de mosquito se desenvolvam.

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Atualmente, estima-se que 80% dos criadouros encontram-se em residências, e os outros 20% em áreas florestais ou próximas de rios. Os infectologistas apontam que os óvulos do mosquito podem esperar até um ano para eclodir. Por isso, ainda que não esteja chovendo, é importante que se faça a manutenção e controle dos focos em potencial. “O mosquito Aedes aegypti é uma espécie urbana. Por isso, é dentro de casa, sobretudo, que o combate à doença precisa ocorrer. A participação da população é primordial para que os casos da doença não se multipliquem. Ações rápidas podem salvar vidas”, o médico e porta-voz da SES, Alexandre Chieppe.

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No ano passado, a Tribuna conversou com dezenas de pessoas que contraíram a doença em bairros que apresentaram epidemia das doenças causadas pelo Aedes aegypti. Na ocasião, a localidade do Meio da Serra foi uma das mais prejudicadas. A comerciante de 66 anos Dora Rodrigues teve os sintomas, e passou momentos de tensão quando sentiu febre alta, manchas pelo corpo, dores de cabeça e nas articulações. “Tanto eu quanto minha filha tivemos chikungunya. Eu melhorei cerca de um mês depois, mas até hoje minhas articulações ainda incomodam. Minha filha ficou coberta de manchas avermelhadas e coceira por todo o corpo. E isso aconteceu na localidade toda: no dia que fui buscar ajuda médica, encontrei outras 20 pessoas só daqui do Meio da Serra lá no posto de saúde também, e todos procurando ajuda para o mesmo tratamento. Foi um horror”, contou.

Sintomas das doenças causadas pelo Aedes

Os principais sintomas das doenças transmitidas pelo Aedes aegypti são febre alta de início rápido, dores intensas nas articulações dos pés e mãos, além de dedos, tornozelos e atrás dos olhos. Pode ocorrer ainda dor de cabeça, dores nos músculos e manchas vermelhas na pele. No caso da chikungunya, não é possível contraí-la mais de uma vez. Isto é, depois de infectada, a pessoa fica imune pelo resto da vida. Os sintomas iniciam entre dois e doze dias após a picada do mosquito.

Não existe vacina ou tratamento específico para a cura das doenças. Segundo a Secretaria Estadual de Saúde, os sintomas são tratados com medicação para a febre (paracetamol, dipirona e afins) e para as dores articulares (anti-inflamatórios). O órgão recomenda que o paciente tenha repouso absoluto, e que deve beber líquidos em abundância, principalmente água e isotônicos, que mantém o organismo hidratado e mantém os anticorpos em constante combate ao vírus.

“É importante informarmos à população sobre o sinal de alerta. Repelente e cuidados diários nas residências são importantes. Com dez minutos por semana famílias podem se prevenir, mas é preciso que a população se conscientize que este trabalho de prevenção não deve ser sazonal”, disse Chieppe.

Segundo a SES, foram capacitados mais de dois mil profissionais de saúde, entre médicos e enfermeiros, que poderão atuar no combate das doenças ao longo deste ano, para atender aos pacientes e evitar epidemias. Também é responsabilidade da Secretaria de Saúde os chamados ‘planos de contingência’, isto é, os protocolos de atuação adotados para resposta coordenada entre diferentes instâncias de poder e órgãos nos casos de uma possível epidemia.

Em nota, a SES informou que o secretário de Saúde, Edmar Santos, repassará cerca de R$ 11 milhões aos municípios neste verão para o fortalecimento das ações de vigilância e controle do mosquito. O objetivo do cofinanciamento é garantir a estrutura básica para que as ações de vigilância e controle do Aedes aegypti sejam implementadas pelos municípios, como compra de veículos, equipamentos e qualificação da Vigilância Epidemiológica. A Prefeitura ainda vai estabelecer o cronograma das visitas domiciliares

 

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