Depois de 21 anos, Grupo Assistencial SOS Vida fechará as portas nesta sexta-feira

28/08/2019 12:30

O Grupo Assistencial SOS Vida encerra suas atividades na próxima sexta-feira, após mais de 21 anos de trabalho. Foram mais de dois anos passando por dificuldades financeiras e, agora, o prazo para a entrega do imóvel onde o grupo está instalado expirou. Embora os esforços dos profissionais e colaboradores fosse grande para tentar manter o serviço, não foi possível arrecadar doações suficientes para custear as ações. Cerca de 800 famílias que estão cadastradas no projeto serão prejudicadas.

O psicólogo Antônio Carlos de Souza Pires, responsável técnico e presidente do SOS Vida, disse com o fim do convênio com a Secretaria de Trabalho, Assistência Social e Cidadania (Setrac), as dívidas foram se acumulando. Só a dívida com aluguéis em atraso ultrapassa os R$ 90 mil. Segundo Antônio Carlos, com a paralisação das atividades na sexta-feira, o locador avisou que vai perdoar o débito.

“É um descaso com toda uma história. Em todos estes anos vários políticos encaminharam pessoas para serem assistidas pelo grupo. E agora vemos isso. O SOS Vida é uma instituição reconhecida nacionalmente e também fora do Brasil. Leva o nome da cidade para todos os lugaresm mas isso não foi suficiente para ser ajudada pelo poder público”, lamenta o presidente do grupo.

Segundo Antônio Carlos, houve várias tentativas de diálogo com a Prefeitura para que fosse restabelecido o convênio. O governo chegou a sinalizar que buscaria soluções, mas até as vésperas do prazo para o fim das atividades, o SOS Vida não teve resposta. Todo o equipamento e mobiliário da instituição ficará guardado no imóvel, que fica na Rua Alberto Torres, no Centro. Mas Antônio Carlos não sabe dizer até quando poderá armazenar as coisas no local. “O locador permitiu que ficasse guardado lá, mas não sabemos até quando. Se o imóvel for novamente alugado, vamos precisar retirar de lá”.

A instituição oferece diferentes serviços, incluindo assistência a portadores do vírus HIV/AIDS, dependentes químicos, orientação psicológica e jurídica, distribuição de cestas básicas, kits de enxoval para bebês e alimentação na sede da instituição. Além disso, profissionais de saúde atendem gratuitamente os assistidos em seus consultórios e clínicas.

A Prefeitura foi novamente questionada sobre o rompimento do convênio e confirmou que o mesmo foi encerrado no meio do ano de 2017, devido à falta de apresentação da documentação necessária por parte da Organização Social para renovação do contrato. O governo alega que, como não houve aprovação por parte do Tribunal de Contas, a entidade não pode participar de novos chamamentos públicos para fazer parcerias com o município. A Prefeitura não informou se neste período houve diálogo com o SOS Vida para tentar resolver a situação.

Em nota, o governo garantiu que todos os pacientes da Organização Social já são assistidos pelo Departamento de Doenças Parasitárias (DIP) e há ainda o atendimento prestado pela equipe multidisciplinar da Área Técnica de IST, HIV e Hepatite B e C (antigo programa DST/Aids). No local é oferecido acompanhamento médico (ginecológico, infectologista, pediatria), psicológico, de enfermagem e assistência farmacêutica com distribuição gratuita de todos os medicamentos para tratamento das doenças sexualmente transmissíveis e realização de exames laboratoriais para acompanhamento da evolução da doença, grupo de convivência e busca ativa dos pacientes que abandonam o tratamento.

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