Depois de 48 dias internado, bebê com problemas no coração que mobilizou bombeiros recebe alta

13/10/2019 09:00

Depois de 48 dias de luta pela vida em quatro hospitais diferentes para tratar problemas de saúde, o pequeno Emannuel Pereira Justen, enfim, foi para casa. A criança nasceu em agosto com uma deformidade severa no coração, que demandava uma cirurgia delicada em um hospital especializado no Rio de Janeiro, e ganhou uma grande torcida ao mobilizar os bombeiros e a equipe do Hospital Alcides Carneiro para a transferência, feita em um helicóptero da corporação.

O menino foi diagnosticado com duas síndromes raras, a cardiopatia TGA (Transposição das Grandes Artérias) e o Situs Invertus Totalis, uma variação congênita, autossômica recessiva, que faz com que seus portadores apresentem uma inversão completa de todos os órgãos torácicos e abdominais. A mãe, Helen, conta que em nenhum dos exames feitos durante o pré-natal identificou anomalias.

“Eu fiz a ultrassonografia morfológica e duas obstétricas e não deu nada. Se soubéssemos, tudo seria diferente. O Emannuel teria nascido em um hospital apropriado para o caso, mas não foi desse jeito”, conta a mãe, agora aliviada. Ela lembra, que, após o parto, tudo parecida normal. “Depois que ele nasceu, dormiu comigo, mamou, tudo normal, até que a boca, os pés, as mãos e o rosto começaram a ficar arroxeados. O coração do meu filho é do outro lado e as artérias eram invertidas. Faltava oxigênio”, conta ela.

Depois de dois dias em busca de uma vaga em um hospital especializado, Emannuel chegou ao Instituto Nacional de Cardiologia, no Rio de Janeiro, com a ajuda do 15º Grupamento do Corpo de Bombeiros. No dia 27 de agosto, com apenas cinco dias, o pequeno passou pela primeira cirurgia. Foram quase 10 horas na mesa de operação, para que a equipe médica realocasse os troncos da aorta e da artéria pulmonar.

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Depois da cirurgia, mal a família teve tempo de comemorar o sucesso da intervenção. Na UTI, o pequeno sofreu uma convulsão e os médicos descobriram uma hemorragia no cérebro. Ele teria que passar por mais uma intervenção, agora com um neurocirurgião pediatra. Emannuel foi, então, transferido para o Hospital Miguel Couto, onde os médicos colocaram um dreno extraventricular (DVE), dispositivo usado em neurocirurgia no tratamento de hidrocefalia. Seis dias depois, ele foi novamente transferido, agora para o Hospital Jesus, onde poderia ser acompanhado por um neurologista e um cardiologista. No dia 30 de setembro, foi retirado o DVE, para a colocação da válvula DVP, dispositivo interno que irá acompanhá-lo para o resto da vida.

Emannuel finalmente foi para casa na última quarta-feira, dia 8 de outubro. Mas a luta ainda não acabou. Além do acompanhamento com o neurocirgião e o cardiologista no Rio de Janeiro, ele ainda não tomou nenhuma vacina, já que, devido às diversas restrições, não pode receber um vírus vivo. “Essa válvula pode infeccionar, gerar um cisto ou entupir, então tudo é muito complicado. Estar aqui, longe da equipe médica, nos preocupa”, diz a mãe, que tenta garantir a continuidade do tratamento do menino.

Além dos gastos com a locomoção e com as vacinas especiais, Emannuel terá que continuar o tratamento em casa, com quatro remédios para o coração e um para evitar as convulsões. Amigos da família estão promovendo uma campanha para arrecadar fraldas para ajudar. O contato pode ser feito diretamente com a mãe de Emannuel, Helen, pelo telefone (21) 99193-6631.

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