Depois de quatro meses nas ruas, casal transforma gruta na Serra Velha em moradia improvisada

Uma gruta dentro de uma mata às margens da RJ-107 – a Serra Velha da Estrela – é o lar do casal Carlos Henrique da Silva, de 45 anos, e de Luciana de Souza, de 39 anos. Os dois se mudaram para o local há 13 dias depois de quatro meses vivendo nas ruas do Centro Histórico de Petrópolis. Carlos cobriu a entrada com lona, tábuas e toras de madeiras. Dentro da gruta, eles instalaram a cama e um fogão.

“É melhor que ficar na rua”, disse Luciana. O casal, que está junto há um ano, é de Magé, mas nos últimos anos estava morando em Guapimirim quando resolveu “tentar a vida” em Petrópolis. “A gente vendia bala na rua lá no centro e dormia na rua. Um dia, eu estava andando a pé por aqui e encontrei esse lugar. Pensei que seria bom ficar aqui”, contou Carlos.

Ele disse que limpou todo o terreno e conseguiu algumas doações para cercar a gruta. O casal ganhou o colchão, o fogão e o botijão de gás. Atualmente, eles vivem de bicos fazendo pequenos serviços para os moradores do Meio da Serra. “Faço de tudo e, com isso, consigo dinheiro para comprar comida. Ela também faz faxina. Estamos precisando de ajuda para conseguir viver”, disse o homem.

Leia também: O drama invisível e os altos riscos que vivem os moradores de rua

Leia também: Caminho longo e tortuoso à frente de quem quer sair das ruas e voltar à família

A gruta fica a cerca de três quilômetros de uma escola municipal localizada na Lopes Trovão. Neste ponto da Estrada Serra Velha não há casas ou comércio, apenas a mata fechada. Além do frio e da umidade, nos dias de chuva a água desce por dentro da gruta. “É um frio danado, mas a gente não tem para onde ir. Aqui estamos dando um jeito e conseguindo a ajuda de algumas pessoas”, comentou Adriana. “Vamos vivendo até onde Deus quiser”, frisou a mulher.

A Prefeitura informou que as equipes da Assistência Social já realizaram abordagens no local, mas a família não aceitou os serviços e acolhimento oferecidos pelo Núcleo de Integração Social (NIS) e Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua (Centro Pop). As equipes continuam acompanhando a situação e os profissionais do Consultório na Rua estão oferecendo o suporte para os cuidados com a saúde.